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Por dentro da Trascent Latin America Conference

A Latin America Conference sobre IFM reuniu especialistas para discutir maturidade, governança, tecnologia e experiência do usuário no Integrated FM

Por Léa Lobo

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Foto: Divulgação


A Trascent Latin America Conference 2025, realizada na sede da Kimberly-Clark em São Paulo, reuniu líderes seniores de Corporate Real Estate (CRE) e Facilities Management (FM) de grandes organizações globais e regionais. O encontro, distribuído em seis sessões conduzidas por especialistas, colocou em pauta governança, maturidade regional, tecnologia, dados, estratégias corporativas e o papel das pessoas na evolução do setor.

Nesta entrevista com Diego Sierra, Managing Director da Trascent, ele destaca as percepções mais fortes da conferência e as mensagens que ecoam para o mercado latino-americano de FM.

 

Vocês trouxeram vozes muito fortes ao palco nesta primeira edição da Trascent Latin America Conference. O que você acredita que mais ressoou na audiência?

A sensação de realidade. Todos naquele auditório estão vivendo a mesma mistura de avanços e limitações. Brasil e México têm escala, mas carregam questões burocráticas e incertezas. Ao mesmo tempo, países como Chile, Colômbia e Costa Rica avançam com agilidade e inovação. Houve um reconhecimento coletivo de que a América Latina não é um único mercado; são muitos mercados, cada um se movendo em velocidades diferentes. E isso não é fraqueza; é uma força definidora.

 

A regulação apareceu muitas vezes ao longo do dia. Por que você acha que esse é um tema tão dominante?

Porque ela molda tudo o que fazemos. No passado, regulação era vista como burocracia. Agora, ela tem forçado mais estrutura e transparência. A reforma tributária brasileira é complicada, sim, mas está preparando o terreno para eficiência a longo prazo. No México, as novas leis trabalhistas eliminaram zonas cinzentas na terceirização. Os líderes que estão fazendo isso bem não resistem à regulação. Eles a utilizam como um roteiro para melhorar a governança e fortalecer relações com fornecedores.

 

Tecnologia também foi um grande foco. Na sua opinião, o que as organizações estão acertando ou errando?

Há muito investimento, mas nem sempre confiança nos resultados. A conversa voltou várias vezes para a disciplina de dados. Todo mundo tem dashboards e sistemas, mas nem todos têm precisão. As empresas de melhor desempenho estão voltando ao básico: limpando suas linhas de base, conectando dados à tomada de decisão real e construindo governança sobre suas plataformas tecnológicas. Não se trata de ter mais softwares, e sim de usá-los de forma eficaz para tomar melhores decisões.

 

Pessoas e cultura foram temas dominantes. O que está mudando nesse aspecto?

Sinceramente, foi a parte mais energizante do dia. Todos concordaram que o maior ponto forte da região é seu capital humano. A falta de talentos é real, mas também é real a criatividade que preenche essas lacunas. Ouvimos histórias sobre mentorias entre clientes e fornecedores, modelos de liderança compartilhada e contratos desenhados com foco nas pessoas, não apenas na performance. Alguém disse: “Somos todos facilities”, e isso realmente ficou marcado. Quando as equipes trabalham com um propósito compartilhado, tudo muda.

 

Muitos de nossos leitores enfrentam os mesmos desafios discutidos ali. Há lições práticas que eles possam aplicar imediatamente?

Comece alinhando antes de executar. Muitos projetos pulam essa etapa. Defina objetivos claros, estabeleça governança antes de ir ao mercado e garanta que sua linha de base esteja correta. Contratos devem separar claramente custos controláveis de custos repassáveis (pass-through). E nunca subestime o papel da comunicação. As empresas que têm sucesso são as que tratam a implementação como um processo humano, não apenas técnico.

 

Uma reflexão final?

Maturidade não é um destino; é uma mentalidade. O progresso da América Latina é construído sobre a adaptabilidade. Quando processos, contratos, dados e pessoas se alinham, todo o resto segue. Esse é o verdadeiro aprendizado desta conferência.

O evento evidenciou um ecossistema de CRE e FM em evolução constante, com desafios que variam de país para país, mas com uma força comum: a capacidade de adaptação. Entre regulação mais estruturante, pressão por governança, dados mais disciplinados, novas dinâmicas tecnológicas e o imenso valor das pessoas, o setor avança rumo a uma maturidade construída na prática, dia após dia.

No fim, como sintetizou Diego Sierra, não é sobre onde queremos chegar, mas sobre como decidimos avançar.

 

O que vai moldar o mercado no IFM na América Latina a partir de  2026

A América Latina avança para um novo patamar na Gestão Integrada de Facilities (IFM), impulsionada por um cenário em que ambição e volatilidade caminham lado a lado. É o que revela o LATAM IFM Market Trends Report 2025, desenvolvido pela Trascent, consultoria global especializada em real estate corporativo e facilities management (CRE/FM). Com atuação direta nos maiores portfólios imobiliários do mundo, a empresa reuniu análises de campo, dados proprietários e pesquisas independentes para entender como os líderes do setor estão redesenhando seus modelos operacionais diante de transformações econômicas, regulatórias e tecnológicas.

A estimativa da Trascent posiciona o mercado latino-americano de IFM entre US$ 30 e 50 bilhões, com um crescimento contínuo de 5% a 6% ao ano até 2030–2031. Embora Brasil e México permaneçam como os grandes vetores de escala, países como Chile, Colômbia e Costa Rica ganham relevância como polos de inovação e maior alinhamento às práticas ESG. Segundo Diego Sierra, Managing Director da Trascent, existe uma mudança clara de mentalidade. “As organizações estão pensando maior, e também pensando melhor. IFM não se trata mais apenas de eficiência de custos, mas de controle, transparência e conexão entre pessoas, processos e propósito.”

O estudo aponta três movimentos que devem definir o IFM na região até 2026 e nos anos seguintes. O primeiro é a pressão regulatória, que está elevando o padrão de entrega. Reformas tributárias no Brasil, mudanças na legislação trabalhista e na terceirização no México e novas exigências legais em outros países estão exigindo estruturas mais maduras. Mais de 70% das multinacionais ouvidas pela Trascent afirmam que a adaptação regulatória é hoje seu principal desafio operacional, mas também enxergam nela a maior oportunidade para criação de valor. “A regulação está deixando de ser uma barreira aos modelos de terceirização, abrindo espaço para soluções mais sofisticadas”, observa Nate Erpestad, também Managing Director da consultoria.

O segundo movimento é a consolidação de uma disciplina de dados mais rigorosa. Após anos de investimento em digitalização, a questão deixou de ser acesso à tecnologia: agora, a diferença competitiva está na consistência dos dados. Mais da metade das organizações pesquisadas admite dificuldade em transformar informações digitais em insumos para decisões estratégicas. Para Sierra, o ponto central está no alinhamento entre o que é medido, como é medido e quais decisões são tomadas a partir disso. Organizações mais avançadas já estão estabelecendo bases claras de dados, modelos preditivos e estruturas sólidas de governança para operar de forma mais inteligente e enxuta.

O terceiro vetor é a força das pessoas, que permanece como o diferencial mais relevante da região. Mesmo diante da escassez de mão de obra técnica em mercados como Brasil e México, a adaptabilidade e a cultura colaborativa latino-americanas continuam sendo um ativo essencial. A pesquisa mostra que investimentos em capacitação, treinamento técnico e desenvolvimento de liderança estão fortalecendo os modelos de entrega e elevando o padrão de atuação. “Quando clientes e fornecedores constroem propósito compartilhado, a performance cresce junto. Essa é a força que transforma volatilidade em resiliência”, afirma Sierra.

O relatório também apresenta o LATAM IFM Maturity Heatmap, que evidencia diferenças importantes entre os países. Mercados como Brasil, México, Chile e Porto Rico apresentam maturidade avançada, enquanto Colômbia, Costa Rica e Peru estão reduzindo rapidamente seus gaps. A análise mostra ainda que, embora operações internas de FM ainda tenham grande peso, a terceirização deve ganhar força. No Brasil, por exemplo, a penetração de outsourcing no setor corporativo deve passar de 35% para 45% até 2030, reforçando a transição para modelos verdadeiramente integrados.

À medida que 2026 se aproxima, a América Latina entra em uma fase decisiva. Integração, governança e capacidade humana formam o tripé que deve sustentar a evolução do IFM na próxima década. Para a Trascent, a região não está apenas acompanhando tendências globais, está construindo sua própria trajetória rumo à maturidade operacional. Como sintetiza Sierra: “A América Latina está encontrando sua identidade. A próxima etapa do IFM aqui não será imitação, mas inovação.”

Acesse a Análise Completa: https://bit.ly/4rbnzGW


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