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Compostagem acelerada ganha protagonismo como solução estratégica para resíduos orgânicos e economia circular

Estudos internacionais apontam que tecnologias avançadas de compostagem podem transformar resíduos orgânicos em ativo ambiental

Por Izzat Ali Khan, Haider Ali e Shahrukh Nawaz Khan.

Compostagem acelerada ganha protagonismo como solução estratégica para resíduos orgânicos e economia circular

Foto: Canva.com/ Ju Fagundes


​O crescimento populacional, a urbanização acelerada e os novos padrões de consumo colocaram os resíduos sólidos urbanos no centro do debate ambiental global. Dentro desse cenário, os resíduos orgânicos despontam como um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, como uma das maiores oportunidades para uma transição efetiva rumo à economia circular. Essa é a principal conclusão do estudo “Organic Waste Valorization Through Advanced Composting within a Circular Economy”, assinado por Izzat Ali Khan, Haider Ali e Shahrukh Nawaz Khan.

Segundo os autores, o mundo produz atualmente cerca de 2,3 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano, sendo que aproximadamente 1,05 bilhão de toneladas correspondem a resíduos orgânicos descartados por residências, varejo, restaurantes, serviços de alimentação e catering. Em média, cada pessoa descarta 132 quilos de resíduos orgânicos por ano, um volume alarmante diante de um cenário global marcado por insegurança alimentar e pressão crescente sobre recursos naturais.

Aterros, emissões e desperdício de recursos

Grande parte desse resíduo orgânico ainda tem como destino os aterros sanitários, onde a decomposição ocorre de forma anaeróbia, gerando metano, um gás com potencial de aquecimento global muito superior ao do CO₂. De acordo com o estudo, a decomposição de resíduos orgânicos em aterros é responsável por 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, colocando o setor entre os grandes vilões da crise climática.

O impacto ambiental vai além das emissões. Os autores destacam que cerca de 28% das terras agrícolas do mundo são utilizadas para produzir alimentos que nunca chegam a ser consumidos. Além disso, aproximadamente 250 km³ de água doce são gastos anualmente na produção de alimentos e biomassa que acabam no lixo. O custo econômico global desse desperdício ultrapassa US$ 1 trilhão por ano, considerando tanto o valor do material descartado quanto os recursos empregados em sua produção.

Em países em desenvolvimento, o problema é ainda mais grave: cerca de 90% dos resíduos municipais são descartados em lixões a céu aberto ou queimados de forma inadequada, gerando poluição do ar, contaminação do solo e riscos diretos à saúde pública.

Compostagem acelerada, da gestão de resíduos à gestão de recursos

Diante desse cenário, o estudo aponta a compostagem aeróbia acelerada como uma das soluções mais promissoras e escaláveis para o tratamento de resíduos orgânicos. Diferentemente da compostagem tradicional, que pode levar de seis semanas a vários meses, os sistemas avançados conseguem transformar resíduos orgânicos em composto estável em 24 a 36 horas.

A tecnologia se baseia na decomposição aeróbia termofílica, com temperaturas entre 55°C e 70°C, o que acelera o processo, elimina patógenos e sementes de plantas invasoras e, principalmente, evita a geração de metano. Sensores e sistemas automatizados controlam oxigenação, temperatura e umidade, garantindo eficiência, rastreabilidade e segurança operacional.

Outro ponto destacado pelos autores é o controle de odores, um dos principais entraves para o tratamento de resíduos orgânicos em áreas urbanas. Os equipamentos modernos utilizam biofiltros, carvão ativado e sistemas de desodorização, tornando a compostagem viável em hospitais, shoppings, edifícios corporativos, aeroportos, universidades, indústrias e operações de facilities.

Impactos diretos para sustentabilidade, custos e ESG

Segundo o estudo, a adoção da compostagem acelerada pode reduzir em 80% a 90% o volume de resíduos orgânicos destinados a aterros, diminuindo custos de coleta, transporte e disposição final, um tema altamente relevante para gestores de Facilities, Property e Workplace Management.

Do ponto de vista ambiental, cada tonelada de resíduo orgânico desviada de aterros evita, em média, 0,7 tonelada de CO₂ equivalente, posicionando a compostagem como uma das soluções climáticas de maior impacto imediato e com baixa complexidade tecnológica.

O composto gerado também passa a ser um ativo estratégico: pode ser utilizado na agricultura, paisagismo, restauração ambiental e manutenção de áreas verdes, além de reduzir a dependência de fertilizantes químicos importados. Em regiões com solos degradados ou escassez hídrica, o composto melhora a retenção de água, a biodiversidade do solo e a resiliência das plantas.

Oportunidades econômicas e geração de valor

Além dos ganhos ambientais, os autores ressaltam o potencial econômico da compostagem. A comercialização do composto, a redução de custos operacionais e a possibilidade de acesso a créditos de carbono criam novas fontes de receita para organizações públicas e privadas. O setor também impulsiona a geração de empregos em operações de compostagem, tecnologias verdes e práticas agrícolas sustentáveis.

Para os especialistas, a compostagem avançada reforça o conceito de economia circular, ao transformar resíduos em recursos e mudar a lógica da gestão de resíduos para a gestão de ativos ambientais. Escolas, hotéis, condomínios, fábricas e bairros residenciais já adotam sistemas onsite como parte de suas estratégias ESG e de responsabilidade socioambiental.

Um caminho estratégico para cidades e organizações

O estudo conclui que a ampliação da compostagem termofílica depende de políticas públicas consistentes, engajamento da sociedade, investimentos em infraestrutura verde e mudança de comportamento. Para Izzat Ali Khan, Haider Ali e Shahrukh Nawaz Khan, o desafio não é apenas tecnológico, mas cultural e estratégico.

Ao transformar resíduos orgânicos em composto de forma rápida e eficiente, a compostagem acelerada se consolida como uma ferramenta essencial para enfrentar a crise climática, reduzir a pressão sobre aterros e fortalecer a saúde dos solos. Mais do que uma solução ambiental, trata-se de uma estratégia integrada de sustentabilidade, eficiência operacional e geração de valor, com impactos diretos para o futuro das cidades, do agronegócio e da gestão de facilities.


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