Fale com a nossa equipe e vamos garantir a sua participação
 

O futuro já começou. Quem vai gerenciá-lo?

Projetando a sociedade do futuro para as nossas vidas

Por Redação

Foto: Divulgação

 

Imagine caminhar por uma cidade que ainda não existe, mas que projeta cada detalhe do amanhã: prédios que respiram, ruas sem carros poluentes, hospitais com diagnósticos instantâneos e espaços de trabalho que mais parecem organismos vivos, adaptando-se às pessoas em tempo real. Essa foi a essência da Expo 2025 Osaka, no Japão, um laboratório vivo, construído para inspirar o planeta a pensar como será o convívio humano nas próximas décadas.

A Expo 2025 Osaka é uma Exposição Universal organizada pelo Bureau International des Expositions (BIE), em parceria com o governo japonês. Realizada na ilha artificial de Yumeshima, na baía de Osaka, de 13 de abril a 13 de outubro de 2025, o evento reuniu cerca de 160 países, organizações internacionais e empresas globais. Mais do que uma feira de exibição, trata-se de um laboratório vivo, no qual tecnologias, culturas e modelos de sociedade são testados em escala real. Cada pavilhão funciona como vitrine de inovações, mas também como espaço de reflexão coletiva sobre o futuro do planeta. O tema central, “Projetando a Sociedade do Futuro para as Nossas Vidas”, é traduzido em três eixos — salvar vidas, empoderar vidas e conectar vidas,que guiam toda a experiência do visitante.

 

Salvar vidas – saúde, meio ambiente e clima

A Expo Osaka destacou que salvar vidas vai muito além da medicina. É sobre prevenir desastres, proteger ecossistemas e redesenhar cidades para enfrentar crises climáticas.

Saúde: pavilhões mostraram tecnologias de detecção precoce, telemedicina imersiva e robôs cuidadores.

Clima e meio ambiente: soluções de descarbonização, captura de carbono, energia renovável e arquitetura resiliente.

Resiliência urbana: planos de resposta a catástrofes, monitoramento em tempo real de enchentes e calor extremo.

- Paralelo com FM: Facility Management precisa absorver esse mindset de prevenção e resiliência. No Brasil, isso se traduz em planos de continuidade operacional, gestão climática de edifícios (telhados verdes, sistemas de água de reuso) e protocolos de emergência que já considerem os impactos das mudanças climáticas.

 

Empoderar vidas – inovação, tecnologia e educação

O coração da Expo pulsa com inovação. Robôs interativos, realidade aumentada, digital twins e inteligência artificial se transformaram em soluções práticas para trabalho, ensino e cidades inteligentes.

Inovação tecnológica: robôs de limpeza e segurança convivendo com visitantes, prédios modulados e digitais, metaverso aplicado à educação.

Educação: experiências de aprendizado imersivo, conectando crianças a ciências ambientais e tecnologias emergentes.

Tecnologia aplicada ao dia a dia: wearables de monitoramento de saúde, sensores que otimizam consumo de energia e automação preditiva.

- Paralelo com FM: aqui, o recado é claro: não basta operar prédios, é preciso transformá-los em organismos inteligentes. Isso significa:

  • Digital twins para manutenção preditiva.
  • IoT para monitorar ocupação, consumo de energia e conforto.
  • Automação para criar ambientes responsivos (climatização, iluminação, mobilidade interna).
  • Educação continuada das equipes de facilities em novas tecnologias, criando um ciclo de atualização constante.

 

Conectar vidas – cultura, mobilidade e inclusão

A Expo também mostrou que o futuro não pode ser apenas tecnológico: precisa ser humano, diverso e inclusivo.

Cultura: pavilhões expressaram identidades nacionais por meio da arte, arquitetura e gastronomia.

Mobilidade: soluções de transporte autônomo, veículos elétricos e sistemas interconectados.

Inclusão: projetos de acessibilidade universal, ambientes multigeracionais e integração digital para reduzir desigualdades.

Paralelo com FM: prédios e espaços de trabalho no futuro precisarão acolher a diversidade, não só arquitetonicamente, mas cultural e socialmente. Exemplos:

  • Design universal (acessibilidade plena).
  • Espaços flexíveis que promovam convivência intergeracional.
  • Infraestrutura para micromobilidade (bicicletários, integração com transporte coletivo, carregadores elétricos).
  • Cultura corporativa refletida no espaço físico – prédios como hubs de identidade e inclusão.

 

A Expo como laboratório vivo

Mais que uma exposição, a Expo Osaka foi um ensaio geral da sociedade que queremos construir. Os visitantes não foram apenas espectadores, mas participantes ativos de experiências imersivas: jogos, simulações, pavilhões que se transformavam conforme as escolhas do público.

Esse formato, baseado na co-criação, reforça um ponto central: o futuro não é construído por governos ou empresas sozinhas, mas por redes colaborativas.

 

Impactos para o FM no Brasil e na América Latina

O setor de Facilities, Property & Workplace Management deve interpretar a Expo Osaka como um mapa do futuro. As mensagens centrais são:

  1. Da operação para a estratégia – FM não é mais suporte, é motor da transformação das organizações.
  2. Tecnologia como DNA – IoT, IA e digital twins não são futurismo, mas ferramentas já disponíveis.
  3. Sustentabilidade como regra – edifícios Net Zero serão padrão, não diferencial.
  4. Espaços como cultura – prédios não apenas abrigam pessoas, mas contam histórias e inspiram identidades.
  5. Educação contínua – gestores precisarão dominar novas linguagens (dados, ESG, IA) para manter relevância.


A Expo Osaka 2025 nos provoca: como queremos viver, trabalhar e nos relacionar daqui a 20 anos? Se no Japão vimos o esboço de uma sociedade possível, no Brasil o desafio é tropicalizar essas ideias: adaptar soluções às nossas realidades urbanas, climáticas e sociais.

No fim, projetar a sociedade do futuro é mais do que um exercício de imaginação. É uma tarefa urgente. E o Facility Management está no centro desse desafio, porque não há futuro sustentável sem prédios, cidades e espaços bem geridos.

 

160 visões de um mesmo amanhã

Na Expo 2025 Osaka, o protagonismo dos estandes vai muito além da estética. Representando 160 países e regiões, eles formaram um verdadeiro mosaico de inovação e propósito, onde cada nação traduziu sua visão sobre o tema “Designing Future Society for Our Lives”. Mais do que vitrines culturais, esses espaços funcionaram como laboratórios vivos, apresentando soluções concretas para os grandes desafios globais, da mobilidade à sustentabilidade, da saúde à digitalização. A diversidade de formatos, que varia de megaconstruções a estruturas modulares, reflete o mesmo princípio: o impacto está no conteúdo e na experiência, não no tamanho.

Para nós que atuamos em Facility, Property e Workplace Management, houve muito o que observar. A logística, o design flexível, a manutenção sustentável e o uso intensivo de tecnologia transformaram cada estande em um case prático de eficiência e integração entre o físico e o digital. A Expo Osaka foi, portanto, um grande laboratório mundial de infraestrutura temporária inteligente, oferecendo insights valiosos para gestores que enxergam o espaço como ferramenta estratégica de engajamento, aprendizado e conexão.
 


Lições da Expo 2025 Osaka - depoimentos

Renata Sanches – CEO da Behind empresa que organizou a Missão para o Japão

Para mim, conhecimento é a soma de tudo o que vivi e dos inúmeros lugares que conheci ao longo da vida. Foram mais de 50 países visitados, cada um com sua própria essência, suas empresas, suas formas de educar, seus costumes e modos de viver.

A vontade de reunir tudo isso e compartilhar com outras pessoas, especialmente com mulheres empreendedoras, nasceu naturalmente. Eu queria que elas também tivessem a oportunidade de conhecer o mundo, absorver essas vivências e aplicá-las em seus negócios, carreiras e vidas pessoais.

Como o próprio nome sugere, Behind the Scenes representa os bastidores, aquilo que está por trás das empresas, das ideias e das práticas que inspiram. Nosso propósito é revelar esses bastidores a quem busca aprender e ensinar, por meio do que chamamos de missões.

A primeira missão foi em Dubai, escolhida por sua mentalidade empreendedora e ambiente de inovação. E deu certo! Foi ali que percebi o impacto transformador, profissional e pessoal, que esse projeto estava gerando na vida das participantes.

Venho de uma carreira corporativa sólida: sou economista, com mais de 25 anos de atuação no mercado de incorporação imobiliária. Essa trajetória me deu o embasamento e a garra necessários para pesquisar com profundidade e oferecer o melhor às nossas participantes, que hoje chamo carinhosamente de Be.hinders. Cada missão é resultado de uma curadoria cuidadosa, que conecta empreendedorismo, inovação, cultura e conexões globais.

A segunda missão, desta vez com a inclusão do público masculino, aconteceu em 2025 no Japão, durante a realização da Expo 2025 Osaka, um evento de magnitude global realizado a cada cinco anos.

Nossas missões exigem intenso treinamento cultural, tanto da equipe quanto dos participantes, para que cada visita seja precisa e rica em significado. O foco central está sempre no empreendedorismo e nos bastidores dos negócios locais.

E, claro, em países distantes e culturalmente tão distintos, como o Japão, a 24 horas de voo do Brasil, também vivemos momentos de turismo e convivência que fortalecem as conexões humanas. Porque, no fim das contas, os negócios são importantes, mas as pessoas são imprescindíveis.

 

Fernanda Carvalho, Head de Facilities e Real Estate

Estar na Expo 2025, em Osaka, foi uma experiência , uma verdadeira ampliação da minha visão como contratante de serviços de facilities. O tema central do evento reforça a urgência de repensarmos a forma como construímos, operamos e cuidamos dos espaços, conectando eficiência, inovação e responsabilidade socioambiental.

Um dos pontos mais inspiradores foi ver, na prática, como tudo pode ser planejado de forma organizada e sustentável. O fluxo dentro dos pavilhões e nas áreas externas deixava isso evidente: coleta seletiva bem estruturada, banheiros impecáveis, pontos de venda funcionais e áreas de apoio pensadas para oferecer conforto ao público sem renunciar ao respeito ao meio ambiente. A mensagem é com planejamento e intenção, é possível ser eficiente e ecológico ao mesmo tempo.

Como contratante, espero que meus parceiros tragam esse mesmo olhar. Não basta garantir a operação: é preciso que as soluções carreguem em si a preocupação com o futuro. Isso significa usar materiais biodegradáveis, tecnologias que automatizam processos e gerem indicadores de uso e performance, além de produtos que não comprometam o solo, as águas ou o ar que respiramos.

Outro aprendizado essencial da Expo foi o papel da responsabilidade social. Facilities é feito de pessoas para pessoas, e valorizo empresas que promovem inclusão, especialmente da mão de obra feminina, criando oportunidades reais de desenvolvimento e protagonismo. Esse compromisso social, aliado à consciência ambiental, é o que torna a área de facilities não apenas estratégica, mas verdadeiramente transformadora.

A Expo 2025 mostrou que o futuro do setor está em integrar ESG (Ambiental, Social e Governança) em cada decisão. Como contratante, vejo meu papel em incentivar e escolher empresas que compartilhem dessa visão, só assim construiremos uma sociedade mais sustentável, justa e preparada para os desafios que virão.

 

Fátima Sousa – CEO da FS Educa

Participei de uma missão empresarial no Japão com o propósito de mergulhar na cultura japonesa e, principalmente, vivenciar a Expo 2025. Por atuar no segmento educacional, aproveitei a oportunidade para conversar com profissionais locais e compreender mais a fundo como o Japão trata o tema educação, que é um pilar essencial para o desenvolvimento de qualquer sociedade.

A educação japonesa é reconhecida mundialmente por promover disciplina, respeito e capacidade de adaptação às mudanças sociais e tecnológicas. Essa base sólida foi construída a partir da necessidade de reconstrução nacional após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, o país equilibra tradição e modernidade: preserva valores culturais enquanto implementa reformas estruturais para preparar seus jovens para os desafios de uma sociedade global e digital.

No Japão, a educação obrigatória dura nove anos, iniciando-se aos seis de idade, sendo seis anos no ensino fundamental (elementary school) e três no ensino médio inferior (junior high school). Após esse ciclo, o estudante pode cursar o ensino médio superior (upper secondary school), que não é obrigatório, mas tem uma impressionante taxa de adesão superior a 95%.

O governo japonês demonstra grande comprometimento com a educação também por meio dos Colleges of Technology (KOSEN), que oferecem cursos integrados de cinco anos a partir dos 15 anos, com foco em engenharia e tecnologia. Esse modelo facilita a transição entre escola e mercado de trabalho, reduzindo lacunas de empregabilidade.

O Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia (MEXT) define as diretrizes nacionais, conhecidas como Course of Study (Gakushū Shidō Yōryō), que estabelecem objetivos, conteúdos e métodos para todas as escolas do país. Essas diretrizes são revisadas periodicamente, sempre com foco no desenvolvimento de competências acadêmicas, pensamento crítico, cidadania e internacionalização.

Esse compromisso com a educação se reflete em cada aspecto do cotidiano japonês, das ruas impecavelmente limpas à disciplina nos horários, passando pela cortesia e eficiência no atendimento. Também se evidencia nos indicadores internacionais: no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) de 2022, o Japão ficou em 5º lugar em matemática, enquanto o Brasil ocupou a 65ª posição entre 81 países.

E, claro, eu não poderia deixar de investigar o tema da educação em Facility Management (FM). A Japan Facility Management Association (JFMA) é a entidade responsável por difundir boas práticas, promovendo eventos, seminários e publicações. A associação mantém vínculos com a IFMA – International Facility Management Association.

Além disso, empresas privadas oferecem formações complementares, treinamentos técnicos e aprendizado prático. Já no meio acadêmico, ainda não existem cursos de graduação totalmente dedicados ao FM. As universidades costumam incluir disciplinas relacionadas dentro de cursos de engenharia civil, arquitetura, gestão de edifícios ou hospitalidade, mas sem uma formação exclusiva.

Para mim, o Japão mostra que excelência em educação não é apenas resultado de tradição ou investimento, é fruto de visão e propósito. O país soube unir disciplina, inovação e aprendizado contínuo, fortalecendo o elo entre ensino técnico, cultura e cidadania. Seus avanços em digitalização, formação prática e valores humanos inspiram o mundo a repensar seus sistemas de ensino e preparar jovens para serem protagonistas em um futuro em constante transformação.

 

Edilaine Siena, Diretora num grupo de Multisserviços

“A Expo 2025 operou como uma cidade temporária de 1,55 milhão de m², recebendo cerca de 150 mil visitantes por dia. Essa escala reforça que facilities não é apenas suporte, mas a gestão da vida que acontece dentro dos espaços. O maior aprendizado é que excelência em facilities está no invisível: banheiros impecáveis sem equipes aparentes, lixeiras estratégicas sem excesso, filas que fluem, sensorização constante mas imperceptível e conectividade digital sem falhas. Facilities é o ato de desaparecer para que a experiência apareça.

A Expo também mostrou que infraestrutura sozinha não resolve. O segredo da limpeza impecável foi a combinação de design inteligente com cultura japonesa de corresponsabilidade. No Brasil, onde a cultura é distinta, o desafio é maior, mas também a oportunidade. Facilities pode ser um educador silencioso, induzindo boas práticas pelo design e pela operação.

O futuro de facilities está em cinco pilares: (1) sensorização e dados em tempo real; (2) automação invisível; (3) hospitalidade ampliada, que considera toda a jornada do usuário; (4) inclusão integral, física, digital e cultural; e (5) sustentabilidade radical em cada detalhe.

A Expo 2025 mostrou que o futuro será dos detalhes que ninguém percebe, mas que todos sentem. Facilities é o fio invisível que costura conforto, segurança, sustentabilidade e encantamento”.

 


Japão dá lição de limpeza profissional

Visitando o Japão, a limpeza impecável das ruas nas cidades, templos, avenidas, rodovias, comércio, entre outras áreas de Tóquio, Quioto e Osaka chama a atenção. Minha dúvida foi imediata: como o Japão consegue manter esse padrão sem depender de um exército de faxineiros? E, mais importante: o que o Brasil e as empresas de facilities services podem aprender com essa cultura para enfrentar a escassez de mão de obra no setor de limpeza?

Vivenciando 14 dias por lá, aprendi que sou eu quem devo levar o lixo que produzo para casa e fazer a destinação correta dos resíduos. Normalmente, não se come nas ruas, por exemplo. Todos os dias eu saía com um saquinho de lixo na bolsa para, ao retornar ao hotel, realizar o descarte adequado das garrafas de água e petiscos, papeis, recibos que eu produzia durante o dia. Nem vou comentar, os banheiros públicos muito bem higienizados, fosse no metrô, num shopping, num templo ou num parque.

 

Um país onde cada cidadão é gestor do espaço

Quem visita o Japão estranha a ausência de lixeiras públicas, mas não vê sujeira nas ruas. Isso porque, desde cedo, os japoneses aprendem que o lixo é sua responsabilidade. Crianças limpam suas próprias salas de aula, empresas promovem mutirões e a vergonha social pesa mais que multas. É um sistema que une educação, disciplina e senso coletivo.

Estudos apontam que essa cultura não depende apenas de fiscalização: há um pacto social invisível em que cada um se torna guardião da limpeza. Um reflexo disso é a rotina das escolas japonesas, onde não existem faxineiros: os alunos varrem, recolhem e higienizam o espaço todos os dias.

 

Limpeza impecável em meio a multidões

Para mim, a limpeza na Expo Osaka 2025 (que foi o objetivo da viagem) virou um espetáculo à parte. Nem milésimos de sujeira apareceram em todo o pavilhão, mesmo com mais de 100 mil visitantes circulando diariamente. Em certos dias, o número chegou a 162 mil pessoas, e ainda assim o chão permanecia impecável. Vale lembrar: o evento ocupou 155 hectares de terreno em Yumeshima, incluindo o gigante Grand Ring, uma estrutura de madeira com 61.035 m², reconhecida pelo Guinness como a maior do mundo. Um feito que reforça a força cultural e coletiva do Japão em manter espaços limpos, mesmo sob pressão massiva.

 

O contraste com a realidade brasileira

No Brasil, a limpeza urbana e corporativa ainda é tratada como “serviço terceirizado”, sustentado pela mão de obra de milhares de profissionais, cada vez mais escassa. Segundo o que acompanhamos no setor aqui no Brasil, faltam trabalhadores dispostos a atuar em funções de limpeza, e a rotatividade é alta.

Esse cenário pressiona o Facility Management a pensar em novos modelos de gestão. Então, como trazer para dentro das organizações um senso de responsabilidade compartilhada, ao estilo japonês? E como aliar isso à tecnologia para reduzir a dependência exclusiva de equipes numerosas?

 

Lições aplicáveis a cidades e empresas

  1. Educação corporativa: incluir em programas internos a conscientização sobre o uso responsável de espaços, do descarte correto de resíduos ao cuidado com áreas comuns.
  2. Tecnologia e inovação: sensores IoT, robôs de limpeza e sistemas inteligentes já estão disponíveis para reduzir a sobrecarga da mão de obra humana.
  3. Cultura de corresponsabilidade: pequenas mudanças, como colaboradores cuidando de suas estações de trabalho, reduzem a demanda sobre equipes terceirizadas.
  4. Modelos híbridos: a terceirização continua essencial, mas com foco em atividades críticas e especializadas, enquanto tarefas simples podem ser absorvidas pelos próprios usuários do espaço.

 

Esta experiência me ensinou que o FM brasileiro precisa ir além da contratação de serviços e abraçar uma agenda cultural. Não basta terceirizar a limpeza: é preciso educar ocupantes, implementar processos sustentáveis e usar tecnologia como aliada.

Se o Japão consegue manter cidades inteiras impecáveis sem depender de legiões de faxineiros, por que não podemos, dentro dos nossos edifícios corporativos, por exemplo, adotar práticas que distribuam responsabilidades e valorizem ainda mais a mão de obra especializada?

É claro que não estamos falando de perfeição, mas sim de uma cultura do zelar. Vale acrescentar que, enquanto eu e minhas companheiras de viagem; Edilaine Siena (GPS), Fernanda Carvalho (EloPar) e Fátima Sousa (FS Educa) andávamos pelas ruas e pelo comércio, sedentas por aprender, também observamos profissionais de operação limpando vias com maquinários ultrapassados e, em alguns casos, pouca produtividade. Fátima Sousa, inclusive registrou uma idosa limpando banheiros sem luvas, um contraste que mostra que a capacitação também se faz necessária por lá. Em um outro momento, registramos uma equipe fazendo manutenção em uma loja de grife, todos os funcionários impecavelmente paramentados com seus EPI´s, e do outro lado, numa outra, também de grife, havia um grupo fazendo manutenção de meias...e sem nenhum EPI...

Por fim, o que desejo registrar com este artigo é que, enquanto o Brasil ainda vê a limpeza como algo “de terceiros”, o Japão mostra que o segredo está na cultura de pertencimento. Talvez o grande desafio das empresas de Cleaning Facility Services seja transformar a mentalidade de que limpeza “é obrigação de alguém” para uma visão de que o espaço é de todos, e todos cuidam dele.

 


Japão dá lição em segurança urbana no cruzamento mais movimentado do mundo

Quem já passou pelo Shibuya Crossing, em Tóquio, sabe: atravessar aquele mar humano é uma experiência quase hipnótica. Estima-se que mais de 2,5 mil pessoas cruzem a faixa a cada ciclo de semáforo, transformando o local no cruzamento de pedestres mais movimentado do planeta. O curioso é que, apesar da intensidade, ali não reina o caos e sim a ordem.

 

A engenharia da segurança

O segredo está na combinação de engenharia urbana, tecnologia e disciplina coletiva. Os semáforos são sincronizados para liberar pedestres em todas as direções ao mesmo tempo, reduzindo riscos de atropelamento e garantindo fluidez. O sistema conta ainda com câmeras de monitoramento 24h integradas à central de tráfego da cidade, reforçando a prevenção de incidentes.

Bem em frente ao cruzamento está a Koban de Shibuya, uma pequena delegacia de bairro, com policiais sempre visíveis. Essa presença constante amplia a sensação de segurança e funciona como elemento dissuasório contra pequenos delitos, algo raro no Japão.

 

A cultura que faz diferença

Mas não é só tecnologia: é cultura. Em Tóquio, ninguém atravessa fora da faixa, mesmo em ruas vazias. A educação cívica garante previsibilidade e harmonia em meio às multidões. É a prova de que segurança coletiva depende tanto de sistemas quanto de comportamento humano.

 

O que o Facility Management pode aprender

A lógica de Shibuya Crossing pode inspirar gestores de Facilities e grandes empreendimentos no Brasil. Eventos, shoppings, arenas, condomínios corporativos e hospitais enfrentam desafios semelhantes de fluxo intenso de pessoas. Algumas lições claras:

Sinalização clara e redundante: evitar falhas críticas com sistemas visuais e sonoros.

Monitoramento contínuo: câmeras e integração com segurança patrimonial.

- Presença humana estratégica: equipes visíveis reduzem sensação de risco.

Educação e engajamento do público: campanhas internas ajudam a criar cultura de respeito às regras.

 

Na minha opinião, Shibuya Crossing mostra que segurança é muito mais do que vigiar, é projetar para que a convivência flua de forma natural, mesmo em cenários extremos de movimento. Esse é um caminho que o FM brasileiro precisa acelerar, especialmente em tempos de prédios mais complexos, eventos massivos e cidades que clamam por soluções inteligentes.

Se o Japão consegue organizar milhões de passagens por dia em um único ponto de Tóquio, por que ainda tropeçamos em filas mal geridas, saídas de emergência obstruídas ou sinalizações pouco intuitivas nos empreendimentos? Talvez esteja na hora de pensar menos em “controle” e mais em design seguro da experiência coletiva.


Veja também

Conteúdos que gostaríamos de sugerir para a sua leitura.
Case Lenovo

A jornada da Lenovo que une inovação, pessoas e infraestrutura integram laboratórios que dialogam com a ONU, robôs guiados por digital twins e equipes de Facilities que sustentam 31 mil m² de operação contínua

Envie os nossos conteúdos por e-mail. Utilize o formulário abaixo e compartilhe os link deste conteúdo com outros profissionais. Aproveite e escreve uma mensagem bacana.

Faça uma busca

Mais lidas da semana

Mercado

Secovi-SP celebra 31 anos do Prêmio Máster Imobiliário com homenagens e grandes cases

Prêmio Máster Imobiliário 2025 celebra inovação, legado e impacto, consolidando tendências que redefinem o mercado de construção e gestão

Workplace

Móveis por assinatura transformam a gestão corporativa

Móveis por assinatura ganham espaço no Brasil e oferecem flexibilidade, sustentabilidade e ganhos financeiros para empresas e Facilities

Operações

Como Fracttal ajudou a UMOE Bioenergy a economizar R$ 600 mil em manutenção industrial

Uso de IoT e inteligência artificial reduziu 850 horas de paradas e mudou a cultura de manutenção, trazendo ganhos de eficiência, segurança e sustentabilidade para a operação

Mercado

Neowrk lança neo.AI, solução inédita para gestão inteligente de espaços corporativos

Novo recurso com inteligência artificial simplifica a tomada de decisão para Facility Managers, transformando dados complexos em respostas rápidas e estratégicas

Sugestões da Redação

Revista InfraFM

Case Lenovo

A jornada da Lenovo que une inovação, pessoas e infraestrutura integram laboratórios que dialogam com a ONU, robôs guiados por digital twins e equipes de Facilities que sustentam 31 mil m² de operação contínua

Revista InfraFM

Como a Telelok ajudou a cop-30 acontecer na Amazônia

Sob a liderança de Nelson Domingues, a empresa expandiu seu papel histórico em eventos globais e assumiu responsabilidades estratégicas na COP-30, construindo um hotel em tempo recorde e coordenando parte da infraestrutura que transformou Belém para receber líderes de todo o mundo

Revista InfraFM

O engenheiro que também aprendeu a cuidar de prédios vivos

A arquitetura humana e tecnológica dos campi do Insper integra educação, convivência e networking

Revista InfraFM

Como hotelaria hospitalar sustenta excelência do cuidado

Um retrato da área de hotelaria hospitalar que sustenta a excelência em saúde