Na era da inteligência artificial (IA), são as pessoas que estão em falta no mercado. Em vários setores, a dificuldade de contratar é uma realidade para as empresas, que têm se desdobrado na tentativa de atrair os trabalhadores. Nesse contexto, a Temon Serviços se destaca ao adotar um modelo inovador de Recursos Humanos. Afinal, manter o índice de 80% dos colaboradores com mais de dois anos de casa não é tarefa fácil.

A empresa é líder no país em gestão e manutenção de edifícios comerciais complexos e cuida do funcionamento de nada menos do que 85% dos empreendimentos classe A da Avenida Faria Lima, em São Paulo. Energia, água, ar condicionado, suprimentos e equipamentos precisam estar 100% garantidos para a plena operação dessas "cidades verticais”, onde uma simples parada pode levar a grandes prejuízos.

Para isso, ela precisa, mais do que de tecnologia de ponta, de pessoas. “Contratamos cerca de 50 pessoas todos os meses, sem levar em conta novos projetos”, afirma a gerente de Recursos Humanos, Rosemeire Santos. O que fazer, então, se faltam encanadores, eletricistas, operadores, mecânicos e gestores?

A empresa lançou mão recentemente de um arsenal de medidas de incentivo para colaboradores e novos contratados, que incluem desde cursos de formação, prêmio por assiduidade e até está incorporando ao seu Software de Manutenção Sistemon uma plataforma que permite, por exemplo, a gamificação das atividades e a utilização de inteligência artificial para impulsionar promoções.

A gamificação incorpora elementos de jogos para melhorar a experiência e a produtividade dos usuários, por meio de recursos como pontuação e recompensas. “Imagine que a pessoa vai executando as atividades, atingindo metas e vai ganhando moedas, créditos que ela poderá trocar por um ingresso de cinema, uma cesta básica, até uma viagem que viabilizaremos por meio de parceiros, em um market place próprio”, explica o diretor-executivo da Temon Serviços, Antonio Cociolito.

O executivo diz que inovar na gestão de pessoas é fundamental para enfrentar este momento, que classifica como de "alta complexidade". “Precisamos criar mecanismos de atração e trilhas de incentivo para manter nossos talentos".

Outra medida implantada pela Temon é o bônus por assiduidade. Se o colaborador ou colaboradora não faltar ao serviço, recebe um vale-alimentação extra. “Queremos enxergar de fato essas 1.400 pessoas, onde estão aquelas que podem ser melhor aproveitadas e promovidas”, afirma Rosemeire Santos.

Ela acrescenta que a nova plataforma de RH contribui nesse sentido, ao utilizar inteligência artificial para gerir todo o ciclo de vida do colaborador em um único software. Nela, existe tanto a base para e-learning, uma necessidade identificada na pesquisa de clima, como todo ciclo de avaliação, que utilizamos para promoções e treinamentos.

Os novos atrativos se unem aos tradicionais  - salário acima da média do mercado, plano de saúde e vale-transporte - que, segundo Rosemeire Santos, até o momento garantem o confortável índice de 80% do atual quadro de funcionários com mais de dois anos de casa.

Formar para contratar

Na ponta da operação, a Temon Serviços aposta em formar mão de obra para contratar. Recentemente a empresa promoveu um curso gratuito voltado à comunidade da região da Leopoldina, em São Paulo. Com duração de duas semanas e foco em hidráulica e construção civil, 11 alunos se formaram.

Além disso, a Temon mantém um programa estruturado de aprendizagem técnica, com foco em eletricidade, refrigeração e climatização. Desde 2024, já são três turmas, com aulas no Senai e duração de um ano. Os jovens — geralmente com 18 ou 19 anos — são incentivados a conhecer a empresa e entender melhor as possibilidades de carreira. A próxima turma deve ser aberta em dezembro de 2025, com até 20 vagas.

Para participar, os candidatos precisam estar cursando ou ter concluído o ensino médio.

Durante a formação, recebem bolsa no valor de meio salário mínimo, além de vale-transporte e vale-refeição. Ao final do curso, os melhores alunos são avaliados para possível efetivação.

“A gente vai construindo esse trabalho aos poucos, como uma formiguinha. A ideia é abrir caminhos, mostrar possibilidades e formar quem está disposto a crescer com a gente”, explica Rosemeire Santos.