19º Congresso InfraFM
 

Incêndios: prevenção, contenção, reação e muito mais

Acompanhe a entrevista com o profissional Ignácio De La Rosa, da Carrier Fire & Security e veja os principais insights que ele considera como fundamentais no processo de gestão de hospitais para o controle de incêndios.

Gestão de hospitais e combate a incêndios

​Foto: arisha108/Depositphotos.com

​A Agência Nacional de Vigilância Sanitária estima que o número de incêndios em hospitais gira em torno de 3.200 por ano, demonstrando que essas ocorrências estão cada vez mais comuns no Brasil.

Especialistas alertam que a maioria destes incidentes acontece devido à falta de manutenção geral nos estabelecimentos, principalmente no sistema de detecção e alarme de incêndio. Os hospitais no Brasil operam em sua maioria em edifícios antigos e os projetos relacionados à detecção e alarme de incêndio são obsoletos e necessitam de uma atualização dos sistemas, para que atendam às normas vigentes.

Um plano de mitigação é uma das ferramentas para minimizar e até evitar os riscos relacionados ao incêndio. Para comentar este tema, a INFRA FM conversou com o Diretor de Negócios de Incêndio da Carrier Fire & Security para América Latina, Ignácio De La Rosa. Acompanhe abaixo a entrevista completa e veja os principais insights trazidos pelo Ignácio, todos eles muito práticos e apresentados com base nas melhores práticas e normas do mercado: 


>> Infra: Ignácio, quais as principais causas de incêndios em hospitais?

Ignácio: Primeiramente, é importante lembrar que grande parte dos incêndios ocorre por falhas de prevenção, contenção e reação. É um triângulo que precisamos respeitar para evitar acidentes graves como têm acontecido nos estabelecimentos de saúde.

Existem formas eficientes e assertivas que podem ser implementadas para minimizar estes incidentes como, por exemplo, um plano de mitigação de riscos. Uma das principais funções deste processo é analisar as principais fontes de ignição, como: sistema elétrico, produtos inflamáveis (gases e líquidos), agentes oxidantes, sistema de suprimento de ar e de oxigênio, alta carga de sólidos combustíveis, materiais sintéticos, baterias de lítio, além, é claro, da análise total do sistema de detecção e alarme de incêndio.

Mas voltando a sua pergunta, as principais causas de incêndios estruturais são os equipamentos de cocção, ou seja, a maioria deles começa na cozinha. A combinação de partículas de gordura e óleo inflamáveis, conduzidos pelo sistema de exaustão deste ambiente, associada ao potencial de ignição dos equipamentos de cocção, resulta num maior risco de incêndio.

Outra causa importante é a sobrecarga do sistema elétrico. Inúmeros incêndios acontecem porque os profissionais não respeitam o projeto executivo inicial. Em alguns casos, instalam equipamentos, aleatoriamente, sem analisar os riscos que podem causar naquele ambiente.

As máquinas de lavar e passar roupas; os equipamentos de calefação e a manipulação constante de gases e substâncias inflamáveis (cilindros de oxigênio e ar comprimido) e equipamentos de alta tensão (tomógrafos, raio-X etc.) são também fatores de risco.

Resumindo: as instalações antigas e a falta de manutenção são fatores que aumentam os riscos de incêndio em hospitais.


>> Infra: A gestão de risco em hospitais é mais complexa do que em outros estabelecimentos?

Ignácio: Sem dúvida, porque o ambiente é diferenciado. É um local onde muitas pessoas estão em estado crítido de saúde, como por exemplo, com o seu deslocamento limitado. Aqui o plano de mitigação de risco deve ser realizado de forma minuciosa. O sistema de combate a incêndio deve ser o mais completo possível, para que as pessoas tenham segurança numa possível evacuação.


>> Infra: A segurança contra incêndio começa com o projeto arquitetônico?

Ignácio: Sim, toda a equipe precisa estar unida, ou seja, arquitetos, técnicos de segurança, administrativo, entre outras. Todos precisam ter a mesma comunicação. Tudo o que for utilizado, por exemplo, na construção, pode influenciar diretamente ou indiretamente no sistema de combate a incêndio.


>> Infra: Quais as medidas de prevenção de incêndio?

Ignácio: As principais são: redução das fontes de ignição, plantas de construções atualizadas e normalizadas, conscientização e manutenção preventiva e preditivas dos sistemas.

Além, é claro, das medidas de proteção ativa. Ou seja, em caso de incêndio, ter sistemas fixos de detecção de alarme e de extinção com uso de sistemas de combate e supressão. Dispor de um sistema de supressão automático, detector de fumaça, dispositivos que possam bloquear fontes de energia elétrica do sistema de condicionamento de ar e ventilação e das fontes de energia elétrica e combustível.


>> Infra: A que os gestores prediais e síndicos precisam ficar atentos no sistema de detecção e alarme de incêndio?

Ignácio: Há vários fatores que devemos considerar. Mas vamos iniciar pelo sistema de alarme de incêndio. Esta é uma das principais medidas de proteção ativa de qualquer edificação. Seu objetivo é alertar os ocupantes de que algo não está normal e que há risco iminente.

Só para ficar mais claro, o sistema de alarme de incêndio é um sistema centralizado, onde há vários acionadores manuais distribuídos no hospital, por exemplo. Estes acionadores são interligados entre si e a um painel central de alarme de incêndio.

Já o sistema de detecção de incêndio é um sistema de processamento centralizado, que contempla uma série de dispositivos de inicialização automática de alarme de incêndio, que também é ligado ao painel central de alarme de incêndio. As principais funções do sistema de detecção e alarme de incêndio são: detecção de fumaça ou elevação de temperatura, supervisionar o sistema de combate por hidrantes e/ou por chuveiros automáticos, comandar o desligamento do sistema de ar-condicionado, de pressurização de escadas, de controle de fumaça, de dampers (registro corta-fogo) e pelo disparo de agentes extintores para supressão de incêndio.


>> Infra: Quais são os sistemas de detecção e alarme de incêndio existentes no mercado?

Ignácio: Há dois tipos: convencional e o endereçável. O convencional irá avisar que algo está acontecendo em algum setor, ou seja, não indica onde realmente está ocorrendo o princípio de incêndio. Já o endereçável apresenta a localização específica de onde está o incidente, como por exemplo, num quarto em um determinado andar. Este sistema é totalmente indicado para os ambientes hospitalares.

É importante ressaltar que, de nada adianta ter um excelente sistema de detecção e alarme de incêndio (SDAI), se não houver uma manutenção e um plano de continuidade de negócio e de emergência.

Alguns estabelecimentos não têm um plano de manutenção ativo, acham que basta instalar um sistema básico que atende à legislação e pronto. Não é bem assim! Qualquer sistema, qualquer equipamento necessita de uma manutenção constante, para que, realmente, ofereça segurança. Lembrando que é preciso realizar a manutenção mensal de todos os dispositivos de inicialização de alarme, funcionamento adequado dos sistemas audiovisuais e, principalmente, da central de detecção de alarme. E todas as vezes que o projeto executivo inicial for modificado, precisa ser atualizado. Caso contrário, seu SDAI estará comprometido.

E, quando houver um incêndio, é necessário que haja um "Plano de Continuidade de Negócios (PCN)". Mas o que vem a ser isto? O PCN irá analisar, detalhadamente, todos os fatores que ocasionaram o incêndio. Num segundo momento, irá mapear todos os riscos iminentes, para que possam ser evitados. Após este estudo, a equipe se reúne e avalia o que é mais ou menos relevante para detalhar os investimentos e as correções.


>> Infra: Quais as tecnologias que a Carrier oferece hoje para atender a este mercado?

Ignácio: A Carrier possui uma linha completa de sistemas de detecção e alarme de incêndio, com sistemas convencionais e endereçáveis, baseados em centrais robustas para ambientes industriais, que se auto-inspecionam, e detectores inteligentes (por feixe, aspiração, térmicos, termovelocimétricos) que atendem todas as normas de segurança. O sistema verifica integralmente todos os detectores, acionadores manuais, interfaces, conexões e cabos. A função de autoavaliação dos painéis da Autronica, por exemplo, resolvem problemas de manutenção.

Possuímos também linha completa de sistemas de supressão com os mais modernos agentes extintores (Gases Inertes, NOVEC 1230, FM200, CO2, water mist) e mecanismos de funcionamento.


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