19º Congresso InfraFM
 

Gestão estruturada para inovar

Atendendo uma demanda global de mais de cem países, conheça como está estruturada a sede do grupo de empresas Fischer, na Alemanha

Por Larissa Gregorutti

A convite da Fischer Brasil, a Revista INFRA foi no início de julho conhecer a sede global do grupo de empresas Fischer, em Waldachtal-Tumlingen, Baden-Württemberg no norte da Floresta Negra, na Alemanha. Fundada em 1948 por Artur Fischer, é dirigida desde 1980 pelo Prof. Klaus Fischer, CEO responsável pela internacionalização da empresa.

Apesar de gerar cerca de 75% do seu volume de negócios fora da Alemanha, é o forte enraizamento da família Fischer e de seus colaboradores da sede, que forma a base sólida para crescimento global de soluções inovadoras.

Dentre os fatores-chave para o sucesso da empresa familiar, estão os seguintes objetivos: entusiasmar pessoas, criar espaços para ideias e ações empreendedoras e autônomas, e disponibilizar os valores e ferramentas para alcançarem este objetivo.

Na ocasião, a INFRA viajou em companhia de uma delegação de jornalistas do Brasil e de Portugal, e teve a oportunidade de conhecer como a sede do grupo de empresas Fischer está estruturada para atender a demanda global, que atende mais de cem países. Além disso, visitou as unidades fabris e o Centro de Distribuição Global Fischer, localizados no Sul da Alemanha.

Com atuação em quatro áreas de negócio: Sistemas de Fixação Fischer, Fischer Automotive Systems, Fischertechnik e Fischer Consulting & Training, o grupo possui uma equipe de 4.600 funcionários em todo o mundo e está representado por 46 empresas em 34 países, incluindo uma unidade de produção e distribuição de sistemas de fixação no Brasil.

O tour organizado pela área de Comunicação Corporativa da multinacional alemã, priorizou destacar o alto nível de qualidade e inovação dos produtos Fischer. Todavia, os destaques que selecionamos para este conteúdo são outros, como a coordenação dos espaços, infraestruturas, gestão de pessoas e organização.

Infraestrutura e gestão organizacional

No primeiro dia de visitas, tivemos a oportunidade de conhecer a unidade central da empresa, que fica em Waldachtal-Tumlingen. Com 1.250 colaboradores, é onde estão instaladas as áreas de administração e desenvolvimento do grupo, bem como as áreas de produção de âncoras de aço e buchas plásticas.

No prédio administrativo ficam as salas de reuniões, a Fischer Akademie, que são salas para demonstração de produtos, o restaurante da empresa, a loja de produtos Fischer, e o Fischer Fitness-Studio, uma academia que pode ser utilizada gratuitamente por funcionários e ex-funcionários aposentados do grupo. 

Preocupados com o bem-estar de seus colaboradores, a academia foi inaugurada em maio de 2015 e é composta por 19 aparelhos de cardio (esteiras de corrida, crosswalker, bicicletas, stepper de rotação), 11 aparelhos de musculação, três aparelhos para treino flex, além de oferecer acompanhamento de instrutores de ginástica. 

Aberta durante a semana até meia-noite, e aos finais de semana até as 18h, a academia também é frequentada três vezes por semana pelo campeão olímpico, Michael Jung, o melhor atleta de equitação do mundo, patrocinado pela Fischer.

Durante as visitas técnicas, conhecemos o centro de produções KV & MV, onde são realizados os processos plásticos da empresa. Na fábrica, Daniel Genkinger, Chefe de Produção dos sistemas de fixação Fischer nos apresentou o princípio do caminho azul de sustentabilidade.

A gestão de sustentabilidade do grupo de empresas Fischer baseia-se no Triple Bottom Line, conceito também conhecido como “3 P’s da Sustentabilidade” (em inglês, People, Planet, Profitque), que consiste em medir resultados ambientais, econômicos e sociais, e analisar o nível do comprometimento da empresa com o desenvolvimento sustentável. 

Como os projetos de sustentabilidade da Fischer já são reconhecidos e documentados, surgiu o chamado caminho azul da sustentabilidade, em que a cor azul simboliza os oceanos, o céu e a terra. Neste sentido, Genkinger comentou que as estações que possuem este caminho são tidas como exemplos de processos que promovem a conscientização da sustentabilidade.

Da Alemanha para o mundo

Outro espaço que conhecemos na sede da multinacional alemã, foi o Centro de Distribuição Global Fischer (em inglês, Global Distribution Center – GDC). Utilizado como armazém de produtos para as subsidiárias mundiais e como um centro de distribuição para clientes da Alemanha, o GDC possui 12 mil m², mais 2.500 m² de um armazém totalmente automatizado, implementado para atender às necessidades futuras da Fischer.

Em funcionamento desde janeiro de 2016, o armazém automático, segundo Benedikt Rais, do grupo de empresas Fischer, foi construído em resposta à tendência do e-business, com remessas menores e prazos mais curtos. Com sete metros de altura, 70 metros de comprimento e 21.500 lugares de armazenamento, ele foi projetado para economizar espaço e tempo, e melhorar a eficiência do processo.

Com um sistema automatizado de entradas e saídas, caixas são transportadas por um transelevador que circula por um corredor central, e armazena nas estantes, caixas com produtos Fischer. Desta mesma forma, as caixas são extraídas e levadas para uma esteira rolante, que transporta o material ao operário que finaliza o processo. Todo o sistema é dirigido por um software de gestão que registra a movimentação de todos os materiais.

De modo geral, diariamente chegam 600 a 800 paletes no GDC, sendo que aproximadamente 1.800 pacotes e 500 paletes deixam o GDC por dia, atendendo a demanda de distribuição global de produtos.

No segundo dia de visitas, tivemos a oportunidade de conhecer o Centro de desenvolvimento e produção para sistemas químicos de fixação Fischer, em Denzlingen. Inaugurado em 1999, a unidade possui uma fábrica, áreas administrativas e restaurante, além de um laboratório de química, onde realizam o desenvolvimento de novas formulações, testes de benchmarking, entre outros, oficina de desenvolvimento e um campo de provas, onde pudemos acompanhar a execução de testes de eficiência de seus produtos.

Com 152 colaboradores e cinco estagiários, a unidade também possui um Centro de Logística que funciona por dois turnos e distribui 75 paletes com mercadorias para filiais na Alemanha, além de fornecer a entrega de produtos para a Fischer Italia. 

Por fim, visitamos a unidade Fischer Automotive Systems, localizada em Horb am Neckar. Segunda maior divisão de negócios do grupo de empresas Fischer, foi criada em 2001 para desenvolver sistemas cinemáticos para interiores de veículos, como cinzeiros, suportes de bebidas, porta-luvas etc. Com 1.059 funcionários em todo o mundo e 354 locados na unidade da Alemanha, a divisão de negócios de sistemas automotivos Fischer reúne a mais recente tecnologia de produção em todas as suas unidades, localizadas na Alemanha (Horb am Neckar), na República Tcheca (Ivanovice na Hané), na China (Taicang) e nos EUA (Auburn Hills).

Melhoria de processos 

Ao visitar a sede da Fischer na Alemanha, foi possível conhecer a cultura corporativa do grupo. O sistema de processos Fischer, evoluiu para o modelo da filosofia japonesa Kaizen, na qual a melhoria contínua é a chave para o sucesso. Segundo Klaus Fischer, “Lançamos o sistema de processos Fischer há 15 anos. Com base na filosofia japonesa Kaizen, que tem como objetivo a prevenção de desperdício em todas as áreas da empresa, a melhoria contínua dos processos e a observância consequente das necessidades dos clientes. Os colaboradores então desempenham um papel fundamental nesta abordagem, pois são eles que sabem melhor o que funciona ou não nos seus postos de trabalho. Eles que propulsionam a nossa empresa, pensando diariamente o que pode ser feito de melhor forma do que no dia anterior”, comentou.

Então, os colaboradores se transformam em empreendedores dentro da empresa, aceitando cada vez mais responsabilidade e, desta forma, passam a conceber a melhoria contínua exigida pelo grupo.

Empregador atraente

Outra característica de destaque, é o cuidado que a empresa tem com o funcionário. Segundo Klaus Fischer: “O maior capital e o fator mais importante de sucesso na nossa empresa são os funcionários qualificados e motivados – não os equipamentos e edificações”. Por acreditar nisso, a Fischer adotou diversas iniciativas em apoio ao desenvolvimento profissional e pessoal de seus colaboradores. Enquanto a “Bolsa de Talentos de Gestão” prepara os participantes para uma carreira na área administrativa, a “Bolsa de Talentos de Especialistas” apoia os colaboradores que querem enveredar pela carreira especializada. A “Bolsa de Talentos Júnior”, recentemente implementada na empresa, oferece uma qualificação complementar abrangente e generalizada aos recém-formados, com pouca experiência profissional, que recebem orientação sobre o percurso profissional (carreira administrativa ou carreira especializada) que poderá ser o mais acertado para o seu futuro.

A Fischer Brasil, que atua exclusivamente com sistemas de fixação Fischer, recentemente passou por um processo de reestruturação sob gestão do novo Presidente, Marcos Ellert, que há dois anos está no comando da operação brasileira. O executivo mudou a estratégia e o modelo de negócio, trocou as lideranças e implementou novas áreas.

Dentre as suas iniciativas, ele criou a área de gestão de pessoas, deixando as contratações mais assertivas. “Se queríamos profissionais comprometidos com o novo rumo do negócio, precisaríamos das pessoas certas e devidamente treinadas e capacitadas no nosso novo modelo”, explicou Ellert.

Toda equipe comercial passou a contar com plano de carreira, um sistema de comissão mais vantajoso e uma agenda de capacitação e desenvolvimento. A empresa instituiu a Fischer Akademie, um espaço voltado a treinamento tanto dos seus vendedores quanto de técnicos, engenheiros e arquitetos parceiros.

Também foi implementado programa de desenvolvimento de lideranças, além de ações para estimular a melhoria do atendimento que os profissionais do escritório prestam ao time de vendas.

Todas as iniciativas fizeram com que a empresa aumente o seu poder de manter seus talentos. De dois anos para cá, o turnover da Fischer Brasil baixou de 85% para menos de 20%, índice registrado em subsidiárias com estruturas comerciais até mais sólidas que a brasileira, segundo o Executivo. Sob nova liderança, um time mais engajado, entre outras iniciativas, a Fischer Brasil com apoio da matriz alemã, voltou a ocupar seu espaço no mercado, tirando a empresa da rota da crise.

 

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Valdireni Crippa

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