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Como iluminação do ambiente de trabalho afeta funções do corpo humano

Especialista em arquitetura fala sobre iluminação natural em edifícios de escritórios.

Por Erika Ciconelli de Figueiredo

Como iluminação do ambiente de trabalho afeta funções do corpo humano

Foto: Canva.com/ CadoMaestro


No mundo das luminárias de LED, a importância da luz natural em edifícios pode ser questionada. No entanto, os benefícios da iluminação natural vão além da questão da economia de energia.

De modo geral, os edifícios de escritório priorizam pouco a luz natural nos ambientes internos. Mesmo nos edifícios peles de vidro contemporâneos, que usam vidros de controle solar, a prioridade é o controle da entrada do calor devido ao consumo de ar-condicionado. Indubitavelmente, este é um ponto fundamental a ser observado, dada as altas temperaturas durante praticamente o ano todo.

Contudo, é necessário ressaltar que, embora o retorno financeiro não seja explícito em uma conta de energia, o bem-estar dos ocupantes pode também trazer um retorno monetário. É nesse contexto que a iluminação natural se torna relevante. À medida que os edifícios de escritório passam a adotar estratégias de projeto que contemplem uma distribuição da luz natural mais eficiente, os ocupantes dos espaços têm a tendência de menor absenteísmo e problemas de saúde, além de aumento da produtividade. Questões essas que impactam uma companhia financeiramente. 

A falta da luz natural difusa no ambiente laboral pode desalinhar o ritmo circadiano e resultar em baixa qualidade do sono, sensação de cansaço constante, microssono, irritabilidade, problemas de concentração, falta de motivação, comprometimento da memória, entre outros. Algumas consequências a longo prazo são: estresse fisiológico e psicossocial, doenças cardiovasculares, aumento do uso de estimulantes e sedativos, e síndrome metabólica. 

Muitas funções do corpo humano são cíclicas, sendo denominadas de ritmo circadiano, ou relógio biológico, como são comumente conhecidas. O ritmo circadiano controla não somente as fases de sono e despertar, como também o batimento cardíaco, a pressão arterial, a temperatura corporal, o desempenho, o humor e a produção de hormônios, como a melatonina e o cortisol, conhecido como o hormônio do estresse. O ritmo circadiano oscila em uma média de 24.2 horas na ausência de indicadores exteriores de tempo. Os padrões diários de claro-escuro (dia e noite) incidentes na retina configuram o relógio biológico, ajustando o seu timing para corresponder com o padrão de 24h. 

A luz que atinge os olhos conduz respostas não-visuais, como a supressão da secreção de melatonina, conhecida como o hormônio do sono, e o estabelecimento do ritmo circadiano. Até o fim do século XX acreditava-se que apenas os cones e bastonetes eram as células fotossensíveis do olho, no entanto, no início do século XXI descobriu-se uma terceira classe de fotorreceptores: as células ganglionares intrinsecamente fotossensíveis (ipRGCs), que são responsáveis por sincronizar o ritmo circadiano. Pesquisas publicadas sobre o assunto, que comparam iluminação artificial e natural desde a década de 1990, indicam que a iluminação tem um efeito estimulante sobre as pessoas, sendo que a luz natural é a mais efetiva. 

Este assunto ainda é pouco familiar à maioria dos arquitetos, o que resulta em projetos de baixo desempenho da luz natural. O cenário mais comum em edifícios com peles de vidro é o de persianas abaixadas e luzes acesas, sendo que, por uma questão de comodismo, estas persianas podem ficar abaixadas por dias, meses ou até mesmo anos, de acordo com pesquisas na área. A ocorrência deste cenário se dá em razão do desconforto visual resultante das altas iluminâncias próximo às aberturas, mesmo em edifícios com vidros de controle solar. 

Esses vidros reduzem a entrada de calor e, consequentemente, de luz natural, o que faz com que o alcance da iluminação natural difusa seja limitada e se concentre nas regiões próximas às fachadas, onde há também a entrada de luz solar direta, o que resulta em altas iluminâncias e desconforto por calor. É neste cenário que a maior parte dos edifícios de escritórios se encontra. 

A solução para este problema não é simples, mas é importante que os arquitetos considerem incorporar nos projetos os estudos e soluções para iluminação natural em edifícios. Há a necessidade de uma mudança cultural, onde as questões de bem-estar dos usuários se equiparam às de consumo de energia.


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