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A crise hídrica e a sua urgência

Situação exige novas soluções energéticas

*Eng. Vinicius Marchese, presidente do Crea-SP

Das residências às indústrias, passando pelo comércio e pelos serviços essenciais, todo o País é dependente do sistema de energia hidráulica, que atende à maior parte da demanda brasileira. Em agosto, a energia produzida por hidrelétricas respondeu por 50% de todo o nosso abastecimento. Contudo, o sinal de alerta está aceso. Os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por mais da metade do potencial de geração de energia do Brasil, registraram o mais baixo armazenamento médio de água para esta época desde 2000, quando teve início a série histórica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Devido à escassez de chuvas, experimentamos a maior crise hídrica dos últimos 91 anos. Para mitigar os efeitos da seca, o governo federal tomou algumas medidas, como a criação da bandeira de "escassez hídrica", que adiciona R$14,20 às faturas para cada 100 kW/h consumidos. Assim, tenta equacionar o custo do acionamento das usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes. Com a diminuição da participação das hidrelétricas no fornecimento de energia, o objetivo é economizar a água dos reservatórios para diminuir o risco de futuros apagões ou de um novo racionamento.

Agora, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) instituiu um Plano de Contingência para a recuperação de reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN), com a indicação das condições e diretrizes adicionais de operação para os principais reservatórios de regularização a serem adotadas no período úmido, de dezembro de 2021 a abril de 2022. A expectativa é promover o reenchimento dos reservatórios para garantir segurança hídrica.

Os reflexos do pior período de seca em quase um século ameaçam o crescimento econômico do País, segundo a pesquisa "Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria", realizada pelo Datafolha. Além de ameaçar os negócios das indústrias, há preocupação com desabastecimento em diversos setores. Caso da produção de alimentos, uma vez que as regiões produtoras sentem os efeitos da seca nas lavouras e criações, com expectativa de diminuição de colheita, prejuízo no desenvolvimento dos frutos e qualidade das pastagens.

No centro das causas para a falta histórica de chuvas está a emergência climática, cujo impacto é sentido em ritmo cada vez mais acelerado. Por isso, é urgente que o Brasil encontre formas de romper com a sua dependência hídrica para geração de energia. Com o agravamento da situação nos reservatórios de hidrelétricas, houve recorde de geração de energia térmica, solar e eólica. Mas, os números ainda são insuficientes. Em agosto, o Brasil gerou 16,8% de energia eólica e somente 1,3% de energia solar.

A abundância da luz e do calor do Sol surge como uma alternativa importante a ser considerada para alcançarmos a segurança energética necessária ao País. Recebemos radiação solar em quantidade muito maior do que qualquer outra fonte de energia disponível atualmente. A energia fotovoltaica precisa receber um olhar atento do poder público para que haja a elaboração efetiva de políticas públicas baseadas na utilização desse sistema, visando o desenvolvimento econômico e social. Além disso, essas políticas podem colaborar para a redução das emissões de gases de efeito estufa e de adaptação às adversidades das mudanças climáticas.

Para incentivar as fontes renováveis com regras ambientais e técnicas mais flexíveis e adequadas ao custo do empreendimento, há que ser feito um planejamento criterioso de expansão da rede elétrica para a conexão segura de usinas fotovoltaicas ao SIN. Entre as soluções para geração de energia intermitente, caso da energia solar, está a hibridização das hidrelétricas com implantação de sistema solar flutuante sobre os reservatórios.

Assim será possível otimizar os recursos materiais e naturais para benefício de toda a sociedade. E só chegaremos neste patamar com a normatização de parâmetros regulatórios e comerciais para geração, transmissão e distribuição para os sistemas híbridos.

A matriz energética dependente do potencial hidrelétrico não atende mais a nossa demanda por energia. Já sentimos as consequências da dependência hídrica, com aumento de tarifas, escassez e risco de apagões. Chegou a hora de implementar mudanças no planejamento elétrico futuro para enfrentar a ameaça que paira sobre todo o País.

*Vinicius Marchese é Engenheiro de Telecomunicações e Presidente do Crea-SP

Instagram: @viniciusmarchese

Foto: Divulgação.


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