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Inteligência Artificial já é pilar para o setor de Facility Management

Presidente da FEBRAF pontua dependência da tecnologia para os profissionais da área

Por Mateus Murozaki

Inteligência Artificial já é pilar para o setor de Facility Management

Com mais de quarenta anos de atuação, a FEBRAF (anteriormente conhecida como FEBRAC) – Federação Brasileira das Empresas de Facilities – se posicionou como uma das entidades fundamentais em representação das empresas que atuam na gestão de serviços integrados em todo o Brasil.

Em frente à organização está Edmilson Pereira, presidente, que compartilhou conosco sua visão de especialista em relação ao mercado e quais as tendências e desafios que os profissionais do setor devem ficar atentos em 2025.

Confira abaixo a entrevista:

Qual o impacto das mudanças regulatórias e econômicas esperadas para 2025 na capacidade das empresas terceirizadas de atender às demandas do mercado de Facility Management?
Existem pontos específicos que podem representar obstáculos significativos?

Ambos vão impactar grandiosamente o setor de Facilities. Destaco o Marco Regulatório da Inteligência Artificial (IA), que é de grande importância para o setor de Facility Management, pois traz uma estrutura que regula a utilização de tecnologias de IA, assegurando que sua implementação seja ética, segura e eficiente. Importante ressaltar que o setor de Facility Management lida com uma grande quantidade de dados, como informações sobre os sistemas prediais, usuários e operações. A regulação da IA ajuda a garantir que esses dados sejam tratados de forma mais segura, respeitando a privacidade das pessoas e o cumprimento de legislações brasileira, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Destaco mais três pontos importantes e facilitadores:

Ética e transparência: A IA pode ser usada em muitas áreas do FM, como otimização de consumo de energia, gestão preditiva de manutenção, monitoramento de ambientes e segurança. Ter um marco regulatório garante que essas tecnologias sejam utilizadas de forma ética, sem discriminação ou impactos negativos nas operações e bem-estar dos funcionários e usuários do ambiente.

Eficiência operacional: O marco pode garantir que a IA seja aplicada de maneira responsável, incentivando o uso de tecnologias que realmente tragam melhorias operacionais no setor. Isso pode resultar em redução de custos, aumento de eficiência, e melhor gestão dos recursos.

Inovação responsável: O nosso setor está se tornando cada vez mais dependente de IA para automação, como o uso de dispositivos inteligentes para controle de temperatura, iluminação e sistemas de segurança. A regulação ajuda a garantir que inovações tecnológicas sejam implementadas de forma responsável, minimizando riscos e maximizando os benefícios.

Quanto ao cenário econômico, atualmente o país vive um momento de grande insegurança jurídica, onde vemos um poder interferindo no outro. O cenário não tem sido favorável para o ambiente de negócios e investimentos, o que se torna um obstáculo na manutenção e geração de emprego, pois sem investimento e negócios não existe contratação de mão de obra.

A escassez de mão de obra qualificada tem sido uma preocupação crescente em diversas áreas. Como isso pode afetar as empresas terceirizadas em 2025, especialmente considerando a necessidade de profissionais capacitados para lidar com tecnologias emergentes e processos mais sofisticados no setor de Facility Management?

A escassez de mão de obra no setor de Facilities é um desafio crescente, especialmente em um contexto de rápidas mudanças econômicas, tecnológicas e demográficas.

Este cenário afeta as empresas em diversos aspectos como a diminuição da qualidade dos serviços, pois a falta de pessoal qualificado pode afetar a qualidade dos serviços prestados. Isso é especialmente crítico no setor de Facilities, onde a manutenção de infraestruturas e a prestação de serviços de apoio afetam diretamente o conforto e a segurança dos usuários de edifícios por exemplo; o aumento de custos operacionais, já que as empresas podem precisar pagar salários mais altos ou contratar temporários, podendo aumentar, inclusive, os custos operacionais.

Além disso, a falta de funcionários pode levar a uma sobrecarga de trabalho, afetando a produtividade e eficiência dos que permanecem; e também o risco de alta rotatividade, pois com a falta de profissionais qualificados pode resultar em uma alta taxa de rotatividade, o que, por sua vez, gera custos elevados com recrutamento e treinamento. Isso também pode levar a um ambiente de trabalho instável, afetando a moral da equipe.

Quais tendências tecnológicas ou operacionais você acredita que serão fundamentais para as empresas terceirizadas se manterem competitivas em 2025, e como elas podem se preparar para superar eventuais barreiras na adoção dessas inovações?

 A adoção de tecnologias - como a automação de processos e o uso de inteligência artificial - pode ajudar a reduzir a dependência de mão de obra intensiva. No setor de Facilities, o uso de sistemas inteligentes para gestão de energia, manutenção preditiva e monitoramento tendem a otimizar as operações e compensar a falta de trabalhadores.

As empresas devem se manter inteiradas do que há de novo no setor para que possam implantar as novas tecnologias e se modernizar. Afinal, mão de obra intensiva e/ou terceirizada não se lida mais somente com rodo e vassoura bem como a supervisão dos setores não é mais “só de olho” mas sim com ferramentas de gestão e comunicação. É inevitável que as empresas vão se modernizar cada vez mais ao longo dos anos.

Acrescente um outro ponto que seja importante destacar como grande desafio do seu setor e quais são as ações da entidade para contribuir na resolução.

O principal desafio, sem dúvidas, é a escassez de mão de obra qualificada. Mas também outro ponto importante é que, apesar da clareza das obrigatoriedades contidas na Lei do Aprendiz, é necessário ir além da simples conformidade legal. Tratando-se do setor de limpeza e conservação, a lei não permite colocar jovem aprendiz em local insalubre, e o serviço de limpeza é insalubre em razão da presença de agentes biológicos, pois o contratado mantém contato direto com produtos químicos tais como cândida, cloro ativo, detergente e desinfetante.

Por exemplo, o Estado diz que a cada mil empregados, a empresa deve colocar 50 menores aprendizes. Mas como vamos atender à essa cota se o menor não pode trabalhar nesta atividade? A própria Lei do Aprendiz pontua que menores de 18 anos não podem trabalhar nesta área. É um contrassenso sobre o qual temos contestado veemente, mas ninguém até agora achou uma solução para o problema.

Outro ponto: trabalhar com limpeza não requer qualificação técnico-profissional na empresa contratante ou nas instituições parceiras, portanto, não se torna complementar aos estudos, o que, novamente, entra em contradição com a Lei do Aprendiz.

Para ambas as demandas, temos atuado diretamente no Congresso Nacional para proposições de leis complementares que alterem ou ajustem as obrigatoriedades do empresário, conforme a realidade. Estamos diariamente em contato com os parlamentares e técnicos para contribuir para a resolução dessas questões.


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