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A corrida global por IA e como investimentos bilionários estão remodelando infraestrutura e FM

Data centers de grande escala, consumo energético e novos modelos de operação estão redesenhando o papel do Facilities Management na era da inteligência artificial

Por Redação

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Imagem: Canva.com/gettysignature


A inteligência artificial deixou de ser apenas software para se tornar também infraestrutura. O treinamento dos modelos de larga escala exige uma capacidade computacional imensa, o consumo intensivo de energia, redes de transmissão estáveis e edificações projetadas para suportar operações críticas. Esse cenário está levando os governos e as empresas a direcionarem investimentos bilionários em busca de vantagem competitiva.

A União Europeia, por exemplo, planeja aplicar cerca de US$ 30 bilhões em centros de dados de classe gigawatt, capazes de abrigar mais de 100 mil GPUs por unidade, com o objetivo de reduzir a distância frente aos Estados Unidos e à China. Os grandes fundos de private equity, como a KKR e a Energy Capital Partners, já anunciaram compromissos de US$ 50 bilhões voltados à energia e aos data centers para sustentar essa expansão.

Na semana passada, o Google confirmou que investirá aproximadamente US$ 6,8 bilhões no Reino Unido para ampliar a sua infraestrutura de IA e os seus data centers. Esse tipo de anúncio evidencia como os grandes players entendem que não há avanço em inteligência artificial sem a base física correspondente.

O Brasil em movimento: a ambição e os desafios

O Brasil acompanha essa corrida global com planos robustos. O Plano Nacional de IA prevê investimentos de cerca de R$ 23 bilhões entre 2024 e 2028 em áreas como a infraestrutura, a regulação, a inovação, a saúde e o agronegócio. No setor privado, a Microsoft anunciou um aporte de US$ 2,7 bilhões em nuvem e IA no país nos próximos três anos, contemplando tanto a infraestrutura quanto a capacitação.

As projeções para a próxima década são expressivas. O governo estima que o mercado de infraestrutura digital pode atrair R$ 2 trilhões (~US$ 358 bilhões), consolidando o Brasil como o polo latino-americano de data centers. Somente entre 2024 e 2027, devem ser investidos R$ 258,1 bilhões em data centers e cloud computing. As projeções de mercado indicam que o valor do segmento brasileiro de data centers para IA passará de US$ 0,56 bilhão em 2025 para US$ 1,24 bilhão em 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de aproximadamente 17,5%.

O país tem uma clara ambição de protagonismo, mas enfrenta os gargalos estruturais. A regulação lenta, os custos logísticos elevados, a capacidade elétrica limitada e os desafios ambientais podem restringir o ritmo de execução.

As implicações para o Facilities Management

Energia e sustentabilidade: o consumo elétrico e a necessidade de refrigeração dos data centers são intensivos. A matriz energética brasileira, majoritariamente renovável, oferece vantagem competitiva, mas será necessário ampliar a rede de transmissão e criar redundância para garantir estabilidade.

Infraestrutura física especializada: edifícios projetados para IA não seguem o mesmo padrão dos escritórios tradicionais. Pisos reforçados, sistemas de climatização de alta precisão, redundância elétrica, segurança física e digital e até isolamento acústico estão entre as novas exigências.

Regulação e incentivos: a atração de investimentos dependerá de licenciamento ágil, regimes fiscais claros, certificações ambientais e estímulos ao uso de energia renovável. Sem isso, projetos podem perder competitividade frente a outros países.

Capacitação profissional: a operação de infraestruturas desse porte exigirá equipes treinadas em manutenção preditiva, gestão de clusters e segurança de dados. A formação de profissionais preparados será um fator determinante de competitividade.

Localização estratégica: territórios próximos a cabos submarinos, com boa conectividade, disponibilidade de água e logística eficiente tendem a ser os mais disputados para instalação dos novos hubs digitais.

O próximo papel do gestor de Facilities Management

Se a inteligência artificial é o motor da transformação digital, a infraestrutura física é a engrenagem que torna tudo possível. Para os profissionais de Facilities Management, isso significa ampliar a visão sobre o futuro dos edifícios.

Os espaços corporativos passam a ser híbridos: parte escritórios tradicionais, parte instalações técnicas de alta complexidade. A eficiência energética, a resiliência, a redundância e a sustentabilidade deixam de ser diferenciais competitivos para se tornarem requisitos obrigatórios.


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