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Arquitetura hospitalar que cura com tecnologia, desenho humano e dados em sinergia

Ambientes de saúde podem reduzir estresse, acelerar a recuperação e valorizar equipes, do mobiliário ao plano diretor

Por Léa Lobo

Arquitetura hospitalar que cura com tecnologia, desenho humano e dados em sinergia

Foto: Divulgação


​Em um encontro que misturou emoção, conteúdo técnico e demonstrações práticas, a Perkins&Will apresentou, com apoio do Grupo FK e do Roca São Paulo Gallery, uma visão contundente sobre o futuro da arquitetura hospitalar: cuidar de gente começa no desenho, passa por escolhas de materiais, acústica, luz, jardins e chega, sem medo, à tríade formada por tecnologia, dados e automação.

Com participação de Lara Kaiser, Líder em Design para Saúde e Diretora de Operações, e Jean Mah, Diretora Geral em Los Angeles e Especialista em Saúde, ambas da Perkins&Will ,a mensagem foi “Arquitetura muda a vida das pessoas”. Durante o evento, o público acompanhou a jornada de “Ana”, paciente fictícia criada para demonstrar como telemedicina, integração digital e um desenho centrado no usuário encurtam permanências e melhoram desfechos clínicos.

A fala de abertura destacou um ponto frequentemente subestimado: o mobiliário. Co-desenvolvido com o Grupo FK, o conjunto de peças apresentado mostrou que ergonomia, texturas e cores impactam diretamente o conforto, a segurança e a percepção de cuidado. Afinal, discutimos planos diretores e megahospitais, mas é o contato diário com o mobiliário que toca o usuário.

Com mais de 30 estúdios no mundo e 2.700 arquitetos, a Perkins&Will reforçou seu compromisso com a responsabilidade social e urbana. Edifícios de saúde transformam bairros e, por isso, pedem soluções resilientes diante do calor urbano, dos eventos climáticos e da poluição sonora. Os hospitais são parte da cidade e muitas vezes seu maior polo gerador de fluxos, ruído e ansiedade. Projetar é mitigar impactos e abrir espaços para a comunidade.

A metodologia proprietária Living Design norteia os projetos do estúdio, estruturada em pilares como sustentabilidade, tecnologia, comunidade e inclusão, saúde e bem-estar, pesquisa e inovação, clareza de conceito e beleza poética. Longe de ser idealismo, trata-se de um processo técnico e mensurável, com pesquisa aplicada, coordenação minuciosa e monitoramento da qualidade do início ao fim.

Cases internacionais

Casos internacionais reforçaram evidências práticas dessa abordagem. No Rush University Medical Center, em Chicago, o pavimento em formato de “pétalas” separa fluxos ruidosos das alas de internação. O resultado é um ambiente entre os 3% mais silenciosos dos hospitais avaliados, com melhor sono do paciente, menor necessidade de analgesia e internações mais curtas. O pacote inclui piso acústico, alarmes calibrados e operação integrada. No Lucile Packard Children’s Hospital, em Stanford, jardins em múltiplos níveis e caixas de plantio em cada janela filtram a luz, reduzem o ganho térmico e criam micro-pausas restaurativas para crianças, famílias e equipes. Em Huzhou, na China, o conceito de “hospital em um jardim” equilibra torres de alto desempenho e edifícios baixos acessíveis e acolhedores, costurados por eixos de paisagem e sombreamento. Em Accra, Gana, a ventilação natural parcial e as fachadas perfuradas inspiradas em têxteis locais conectam eficiência ambiental, cultura e orientação do usuário. Já no Centro de Neurociências da University of Cincinnati, uma dupla pele translúcida doma o ofuscamento e a hiperestimulação sensorial, com circulação no perímetro que permite navegação intuitiva pela luz natural.

Cases nacionais

Nos projetos brasileiros, o Hospital Infantil Sabará e o Hospital Vila Mariana, ambos em São Paulo, surgem como laboratórios vivos dessa filosofia: biofilia, praças de acesso público, materiais táteis e desenho de fluxos que humanizam o encontro entre cidade e cuidado.

Desde a pandemia, o recrutamento e a retenção de profissionais de saúde se tornaram prioridade. E o ambiente físico tem papel direto nessa equação. Salas de pausa reais, varandas e áreas externas exclusivas, lactários, espaços de silêncio, estações de trabalho ergonômicas e políticas operacionais coerentes com os turnos e tempos de descanso deixaram de ser benefícios para se tornarem requisitos. Sem operação, alertou a equipe, até o melhor projeto vira depósito.

A apresentação também destacou o papel viável e crescente da tecnologia. Telehealth e centros de comando clínico integram redes e otimizam leitos; a automação logística com robôs para alimentos, fármacos e amostras libera pessoas para o cuidado; inteligência artificial e análise de dados já apoiam leitura de exames, previsão de demanda, giro de leitos e alocação de equipes; impressão 3D e engenharia personalizada aceleram diagnósticos e cirurgias; e vestuários conectados aprimoram comunicação clínica e segurança do paciente. Tudo isso ganha vida na jornada imersiva de “Ana”, do diagnóstico à cirurgia e alta breve, com a telemedicina como fio condutor e o ambiente domiciliar preparado para a continuidade do tratamento.

Na sequência, a curadoria abriu bastidores valiosos sobre o funcionamento da Perkins&Will: pesquisa constante, crítica entre pares com comitês internacionais, integração entre finanças, estratégia e design, e uma estrutura de equipes com papéis claros, coordenação, documentação, qualidade e acompanhamento de obra. A lição é pragmática: sem gestão, não há boa arquitetura. Como resumiu uma das palestrantes, “o desenho nos faz felizes, mas se não alinharmos criação, estratégia e operação, não entregamos valor”.
Seis aprendizados sintetizam o recado para quem decide e paga Facilities em Saúde: ruído é indicador clínico; paisagem performa; operação deve vir antes da obra; equipe precisa estar no centro; tecnologia tem de gerar ROI; e mobiliário é parte do cuidado. Em outras palavras, o microuso diário molda a experiência e deve ser projetado, testado e co-criado com o usuário.

E por que tudo isso importa para o ecossistema de FM?

Porque o FM é o guardião do ciclo de vida do ambiente de saúde. Decisões sobre acústica, paisagismo, materiais e automação se traduzem em Opex e Capex amanhã. Integrar projeto, obra e operação desde o briefing é o que separa custo de investimento. Se quisermos hospitais que curem pessoas e cidades, está na hora de tirar a tecnologia do pedestal, colocar o usuário na prancheta e lembrar do essencial: luz, silêncio, jardim, fluxo, pausa e um mobiliário que acolhe antes mesmo de o profissional chegar.

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