Palestra Arquitetura
 

Do tipo de ocupação até escolha de layout, qual é o efeito da IA em Workplace?

Com perspectiva histórica, especialista faz paralelo da inteligência humana e artificial. Confira exemplos de aplicação das novas tecnologias em Workplace Management.

Por José Paulo Graciotti

Do tipo de ocupação até escolha de layout, qual é o efeito da IA em Workplace?

Imagem: Divulgação/ Marut Khobtakhob


Com cerca de 85 bilhões de neurônios e aproximadamente 1 trilhão de sinapses, o cérebro humano é um supercomputador. Especializado em processar informações desestruturadas, como imagens, palavras e sons, assim como coordenar músculos e processos químicos internos, o cérebro não é muito bom para processar números rapidamente.

Enquanto isso, os computadores como conhecemos evoluíram nos últimos quase 80 anos baseados unicamente no sistema binário, na lógica “zero ou um” ou “sim ou não”. Desta forma, a grande revolução que estamos vivenciando é decorrente de alguns fatores, sendo o principal a transformação de palavras em números.

Em 2017, o Google propôs um novo modelo de Inteligência Artificial (IA) chamado “transformer”, que se tornou a base para a criação do “Bert”, do “T5” e do “GPT”. Esse método é capaz de olhar para todas as palavras de uma frase e analisar cada uma separadamente. Esse mecanismo mede a “relação e peso” entre as palavras, sempre de modo numérico, definindo a importância relativa e analisando o texto escrito pelo usuário. Por exemplo, podemos citar que a IA do ChatGPT 3 tinha cerca de 175 bilhões de parâmetros incorporados e o Chat GPT4 tem algo em torno de 100 trilhões de parâmetros.

Outro fator muito importante foi a evolução da capacidade de processamento dos computadores - e não estou falando dos supercomputadores, mas, sim os de mesa, chamados desktops. O aumento de capacidade de processamento possibilitou a aplicação de algoritmos matemáticos e estatísticos, que já existiam.

Atualmente, o efeito de tudo isso é que através dos aplicativos de IA e de computadores mais potentes, podemos fazer perguntas aos computadores utilizando a sintaxe normal da língua que estamos acostumados e não necessitamos utilizar sintaxes matemáticas - que quase ninguém sabe utilizar.

Mas, afinal, o que tudo isso tem a ver com os espaços corporativos? A IA poderia responder rapidamente as seguintes perguntas, analisando milhares de dados e informações disponíveis, bem como sugerindo as melhores opções; 

- Escolha da localização:
Quais terrenos estão disponíveis e quais são os melhores layouts para as regras de ocupação vigente na região maximizando a relação m2/investimento.

- Escolha do tipo de ocupação:
Qual é o melhor tipo de empreendimento para a região em função do tipo da ocupação da área analisando carências da região, idade média da população circundante, poder aquisitivo e etc?

- Escolha do layout:
Qual é o melhor layout para as decisões anteriores? É o mesmo em todos os andares? Seria uma ocupação mista? 

- Escolha do projeto:
Qual é o melhor projeto? Qual é o menor custo? Qual é o menor prazo?

- Escolha da comercialização:
Qual é a melhor forma de comercializar o empreendimento em função do tipo de ocupação e características da região?

 - Escolha das tecnologias incorporadas na operação:
- Qual deve ser o melhor mix entre tecnologia e operação humana conforme as escolhas anteriores?

Do tipo de ocupação até escolha de layout, qual é o efeito da IA em Workplace?

Todas essas perguntas sempre existiram, mas dependiam de profissionais especializados em diferentes assuntos para indagá-las. Contudo, as imposições de tempo de desenvolvimento tinham o impacto na análise dos profissionais. Para ilustrar, imaginem um escritório de arquitetura tentando propor e analisar dezenas de layouts possíveis com orçamentos no prazo estipulado pelos incorporadores: nesse cenário, poderia existir o ego do profissional, onde cada projetista e arquiteto quer propor a sua “obra de arte” sendo pouco suscetível a alterações ou adaptações.

Para que a adaptação com as novas tecnologias funcione, a premissa básica é a existência de uma base de dados grande e representativa, que permitiam, por exemplo, a utilização de ferramentas de IA para extrair rapidamente as respostas para as questões acima.

Então, tudo isso torna os computadores associados à IA melhores do que o cérebro humano? Acho que ainda não. Os processadores mais modernos conseguem processar apenas 24 “coisas” ao mesmo tempo e não sei dizer quantas atividades simultâneas nosso cérebro tem capacidade de processar. A grande diferença é a especialização. Neste sentido, tenho uma curiosidade enorme e uma apreensão muito grande em relação a futuro.

O aspecto pragmático do cenário atual é a exigência da mesma reação rápida dos empreendedores para obter maior eficiência e conseguirem se manter no mercado cada vez mais competitivo. Após a pandemia, existe uma constante mudança na forma, na concepção, no projeto e no desenvolvimento de novos empreendimentos imobiliários, mas, principalmente, é possível observar a volatilidade das expectativas e necessidades dos consumidores.

Portanto, as novas ferramentas de IA não são mais uma utopia e opção, pois se tornaram uma obrigação para aqueles que querem continuar competindo no mercado. Quem utilizá-las terá, com certeza, uma vantagem competitiva que dificilmente será afrontada por aqueles que ainda estiverem utilizando os metidos tradicionais.   


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