NEOWRK
 

Mercado Livre de Energia: chegou a hora do consumidor residencial escolher seu fornecedor?

A abertura total do mercado de energia no Brasil entra na pauta regulatória e pode mudar a forma como empresas, condomínios e consumidores residenciais se relacionam com a eletricidade

Por Redação

Mercado-Livre-de-Energia-chegou-hora-do-consumidor-residencial-escolher-seu-fornecedor

Imagem: Canva.com/Jitawit21


O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu, em setembro de 2025, uma consulta pública para discutir as regras da abertura completa do mercado livre de energia. A proposta prevê que consumidores residenciais, pequenos comércios e unidades de baixa tensão passem a escolher livremente seu fornecedor — modelo já consolidado para grandes consumidores no Ambiente de Contratação Livre (ACL).

O movimento, no entanto, não é imediato. A consulta é apenas o primeiro passo de um processo que envolve regulamentações adicionais, ajustes técnicos e definição de salvaguardas. Até lá, o consumidor ainda seguirá no mercado regulado.

De onde viemos: a expansão do ACL

O mercado livre já responde por quase 40% do consumo nacional de eletricidade, movimentando bilhões de reais todos os anos. Inicialmente restrito a grandes indústrias, o acesso foi ampliado gradualmente, alcançando médias empresas e, mais recentemente, clientes de menor porte após a Portaria nº 50/2022.

Agora, com a Medida Provisória nº 1.300/2025, o governo propõe ampliar a escolha para todos os consumidores, estabelecendo mecanismos como:

- Supridor de Última Instância (SUI): fornecedor de segurança em caso de falhas contratuais;

- Compensação às distribuidoras: ajustes para evitar desequilíbrios financeiros;

- Regras de retorno: condições claras para quem quiser voltar ao mercado regulado;

- Campanhas de transparência: simuladores de custo e informações acessíveis ao consumidor.

Esses elementos buscam equilibrar competitividade com estabilidade do sistema elétrico.


O impacto direto no Facility Management

Para gestores de facilities, a abertura do mercado livre não é novidade: muitas operações corporativas e industriais já migraram para esse modelo nos últimos anos. A diferença agora é a inclusão do consumidor residencial, que traz novas frentes de atuação:

- Condomínios residenciais sob nova lógica: síndicos profissionais e gestores de FM terão de negociar contratos energéticos, avaliar riscos e garantir transparência aos moradores;

- Portfólios híbridos: gestores que cuidam de prédios corporativos e residenciais lidarão com diferentes perfis de consumo, exigindo maior integração de práticas;

- Novos serviços especializados: abre-se espaço para consultorias energéticas voltadas a residências e pequenos empreendimentos;

- Reforço da agenda ESG: condomínios poderão optar por energia renovável, ampliando o alcance social das metas de descarbonização;

- Integração digital: medidores inteligentes e plataformas online permitirão acompanhar tanto edifícios corporativos quanto residenciais em tempo real.

Na prática, o Facility Manager amplia seu escopo de atuação, passando a apoiar comunidades residenciais em decisões energéticas antes restritas ao mundo corporativo.


O que mostram as experiências internacionais

A abertura de mercado não é novidade global. A União Europeia liberalizou seu setor elétrico em 2007; estados norte-americanos como o Texas operam em regime competitivo há décadas; e países como Portugal adotaram modelos spot, que resultaram em tarifas mais acessíveis ao consumidor final.

Os aprendizados desses mercados apontam dois fatores críticos: a importância da educação do consumidor e a criação de mecanismos de proteção para garantir previsibilidade. É nessa linha que o Brasil tenta estruturar sua transição.

ESG, digitalização e novos serviços

Além da competitividade, a abertura do ACL dialoga com tendências globais de sustentabilidade e inovação tecnológica. Entre os desdobramentos esperados:

- Relatórios de descarbonização mais robustos, viabilizados pela contratação de energia renovável;

- Digitalização do consumo, com medidores inteligentes e plataformas online de gestão de utilities;

- Expansão de serviços especializados, desde consultorias energéticas até softwares integrados de gestão predial.

Para os gestores de FM, trata-se de oportunidade de posicionar o tema energia como estratégia corporativa e comunitária, e não apenas como item de despesa.

Um futuro em construção

A abertura total do mercado livre de energia no Brasil não será um movimento súbito. É um processo gradual, que dependerá de maturidade regulatória, adesão dos agentes e capacidade técnica dos consumidores.

O que já se pode afirmar é que o Facility Management terá papel central nessa jornada, traduzindo a complexidade regulatória em ganhos concretos para empresas, edifícios e comunidades residenciais.

Mais do que administrar contas de luz, será necessário desenhar estratégias energéticas que reforcem competitividade, sustentabilidade e eficiência operacional. A escolha do fornecedor de energia pode, em breve, tornar-se tão estratégica quanto a definição de qualquer outro insumo crítico do negócio.


Veja também

Conteúdos que gostaríamos de sugerir para a sua leitura.

Envie os nossos conteúdos por e-mail. Utilize o formulário abaixo e compartilhe os link deste conteúdo com outros profissionais. Aproveite e escreve uma mensagem bacana.

Faça uma busca


TEMON

Mais lidas da semana

Operações

Como transformar ciência em confiança para Facilities

Tecnologia, laudos, relatórios e método exclusivo: conheça a tecnologia e solução em higienização de superfícies têxteis que faz da MilliCare a parceira estratégica para líderes em Facilities

Carreira

Tecnologia, humanização e estratégia

Como Sonia Keiko está transformando o modelo de manutenção predial no Brasil

Carreira

Será que falta só mão de obra? Ou será que falta gente que cuida de gente?

Uma gestão que vai muito além da manutenção, ela começa com empatia e respeito a equipe dos bastidores

Mercado

Temon Serviços aposta em IA e bônus por assiduidade para engajar colaboradores

Líder na manutenção dos maiores edifícios comerciais do país, empresa amplia investimento em Recursos Humanos e se alinha às transformações do setor

Sugestões da Redação

Revista InfraFM

Pessoas, espaços e dados: nova rotina na gestão de Facilities da Roche

Da horta colaborativa ao projeto K6, inovação e propósito movem a área de operações

Revista InfraFM

20º Congresso e 12ª Expo InfraFM 2025

A 12ª Expo e o 20º Congresso InfraFM consolidam o posto de maior encontro do setor na América Latina. Três dias de evento, 165 palestras pulsando inovação e conteúdo estratégico, 136 expositores e 5 patrocinadores.

Revista InfraFM

11º Prêmio Indicados InfraFM 2025

O reconhecimento que move e inspira o setor do Facility, Property & Workplace Management

Revista InfraFM

Expo InfraFM 2025 é onde o futuro da gestão acontece

O Expo Center Norte foi palco da maior reunião de soluções, ideias e conexões para o setor de Facility, Property e Workplace Management da América Latina. A 12ª Expo InfraFM reuniu 136 expositores que mostraram, na prática, como tecnologia, sustentabilidade e inteligência de dados estão redesenhando

Revista InfraFM

Por que o esg da Globo deveria estar no seu radar?

O Relatório ESG 2024 da Globo destaca avanços na agenda ambiental da empresa.

Revista InfraFM

Infraestrutura sob controle e os bastidores do Facility Management na cart

Por dentro da operação que garante eficiência, segurança e sustentabilidade em mais de 400 km de rodovias

 
Dúvidas sobre os EVENTOS?
Fale com a nossa equipe pelo WhatsAPP