O uso do BIM nas obras

Integração com IoT, Robótica e Realidade Virtual

Por Marcus Granadeiro*

Conteúdo publicado em 4 de dezembro de 2018

Quando avaliamos a adoção do conceito de Building Information Modeling (BIM, em português “Modelagem da Informação da Construção”), percebemos que existem diversas iniciativas na área de projeto, porém poucas evoluíram para a obra. Se a dúvida é como será implantar processos de BIM em contratos de gerenciamento de obra ou quais serão as dificuldades e barreiras, assim como as novidades, podemos dizer que os ganhos serão muito significativos e fáceis de apurar, pois é na obra que está o grande volume de dinheiro e é onde ocorrem os problemas e atrasos.

A primeira aplicação que se tem em mente ao pensar no gerenciamento usando o BIM é a 4D, ou seja, o acompanhamento do modelo tridimensional associado ao cronograma. Em outras palavras, temos o tempo como a quarta dimensão a ser considerado no projeto. Para a montagem em 4D, é necessário ter os modelos das diversas disciplinas plenamente compatibilizadas, ou seja, modelos com todas as interferências e conflitos já sanados, pois não faz sentido associar um planejamento a um modelo com problemas. Em um processo tradicional não há a capacidade de detecção de interferências de forma tão simples e rápida, por isso, é comum ter alguns aspectos que passam despercebidos. No entanto, no processo BIM, as interferências aparecem, pois, o gerenciador fará seu planejamento e elas serão notadas na obra.

Esse gerenciamento, necessariamente, leva à antecipação de discussões que fatalmente só aconteceriam ao longo da obra. Assim, a fase inicial do gerenciamento ganha protagonismo e a capacidade de agregar muito valor ao serviço, pois revisando o modelo, elimina-se problemas e reduz-se os riscos. A equipe e o esforço a ser considerado nessa fase deve ser incrementado, agregando além do conhecimento em planejamento, um know-how construtivo e de produto.

No decorrer do contrato, há possibilidade de aplicação de uma série de novas tecnologias que automatizam o processo, eliminam trabalho e geram informações para aplicação do BIM. Algumas delas são:

• IoT: podemos destacar o uso de beacons para o controle do fluxo de funcionários na obra, monitorando o trânsito em áreas de risco ou, até mesmo, associando este fluxo com os treinamentos de segurança realizados, ficando registrado no modelo quem e quando acessou qual área.

• Digitalização: para geração de as built ou registro do avanço de obra, é de grande valia as informações geradas por escâneres à laser, que vão para a nuvem. Essas informações podem ser comparadas com o projeto para indicar problemas; validar montagens; checar processos construtivos, como planicidade de fachada, flambagem de pilar ou nível de piso.

• Robótica: a utilização de estações robóticas entra no lugar da tradicional topografia. Com elas, os dados de campo são registrados no modelo de forma automática. São equipamentos que trabalham sozinhos ou apenas com um operador e que buscam e gravam dados diretamente no modelo BIM.

• Realidade virtual: tem o objetivo de auxiliar a compreensão do modelo. Sua aplicação é ideal para obras e projetos complexos. No gerenciamento, a aplicação está na associação do modelo ao cronograma para pleno entendimento dos cenários e avanço da obra. Ideal para salas de situação e gerenciamento de obras em locais remotos.

A entrega do trabalho de gerenciamento também deve ser alterada. A produção de documentos deve perder a importância. Dados do gerenciamento inseridos dentro do modelo vão ser muito mais úteis que documentos. Relatórios vão ser menores e ficar restritos às análises do gerenciamento e não mais conter dados e mais dados, como os relatórios atuais. Esses dados em forma de texto dentro de documentos não interessam para o cliente final, que vai utilizar o modelo BIM na fase de operação. Mas eles são importantes para a base de dados estruturada e associada ao modelo BIM.

* Marcus Granadeiro é Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP, Presidente da Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro da Autodesk Development Network (ADN) e do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS).

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