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Lançada norma importante para o gestor de facilidades

Conheça mais sobre a ABNT NBR 16824:2020 para prevenção da bactéria Legionella em sistemas de água em edificações

Por Leonardo Cozac*

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou recentemente uma nova norma técnica sobre Sistemas de distribuição de água em edificações - Prevenção de legionelose - Princípios gerais e orientações. Legionelose é o termo utilizado para indicar infecção devido a bactérias no gênero Legionella, das quais existem duas manifestações principais, que são a Doença dos Legionários e a febre do Pontiac. A Legionella pode proliferar em grandes redes prediais de água quente ou fria de edifícios residenciais, comerciais ou industriais.

O objetivo desse artigo é abordar o que a NBR 16824 especifica, como os métodos para gerenciamento de risco e práticas para a prevenção de legionelose associada aos sistemas prediais coletivos de água de edificações industriais, comerciais, de serviços, públicos e residenciais.

A Legionella é um gênero de bactérias patogênicas que podem causar doenças respiratórias. Foi identificada pela primeira vez após um surto na cidade da Filadélfia em 1976, marco na história da qualidade do ar interno durante evento comemorativo dos membros da Legião Americana. Essas bactérias são encontradas principalmente em diversos sistemas de água naturais e artificiais. Mais de 50 espécies de Legionella já foram identificadas.

Capa da Times na época do surto na Filadélfia em 1976; foto realizada por Leonardo Cozac no Centro de Controle e Prevenção de Doenças em Atlanta nos EUA, onde existe o museu da Legionella

O principal elemento dessa norma é a necessidade de realização da avaliação de risco de Legionella, utilizando o método HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Point, em inglês ou APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle.

Avaliação de Risco é um levantamento de perigos razoavelmente possíveis de ocorrer a partir de um evento que possa apresentar risco às pessoas. Em outras palavras, é um mapeamento de riscos levando em conta sua possibilidade, frequência e consequência em um determinado sistema de água.  Uma avaliação de risco também possui sugestões, recomendações e ações para gerenciamento e minimização dos riscos identificados.

Esse levantamento na edificação deve ser realizado por pessoa(s) ou entidade responsável(eis). O ideal que a frequência máxima para este levantamento seja de dois anos. Para edificações com riscos identificados, convém que os levantamentos de risco sejam repetidos ao menos uma vez ao ano. Se as características da edificação forem alteradas durante este período, a edificação deve ser submetida a medidas preventivas de um novo levantamento de risco.

Na avaliação de risco serão considerados locais de risco, os seguintes sistemas de água:

- Fria e água quente;

- Irrigação

- Torre de resfriamento ou condensador evaporativo;

- Recreação, tais como piscinas, hidromassagem e spas;

- Para uso decorativo, como fontes e chafarizes;

- Não potável;

- Que gerem aerossol e dispersão de água no ambiente, tais como umidificadores; lavadores, máquinas de lava a jato, nebulizador;

- Para uso em serviços de saúde.

A avaliação de risco tem por objetivo identificar, monitorar e controlar riscos dos sistemas de água prediais, que podem envolver contaminações de origem físico-químicas ou biológicas. O levantamento dos pontos críticos na edificação deve ser realizado por pessoas ou empresas que conheçam o processo APPCC e que entendam os riscos envolvidos em um sistema de água predial.

Em instalações prediais que não sejam de saúde, recomenda-se que a temperatura da água quente seja armazenada à temperatura mínima de 50°C ou superior. Se possível estender os níveis de temperatura a toda extensão do sistema (aquecedores, reservatórios, distribuição e recirculação). Recomenda-se que seja feita uma inspeção anual dos termostatos para evitar riscos de queimadura.

A norma ABNT NBR 16824 define alguns itens básicos que necessitam estar inseridos no plano de avaliação de risco. Entre eles, destaco alguns a seguir:

- Listar as pessoas que irão compor a equipe responsável pelo APPCC;

- Descrever o fluxograma do sistema de água e identificar suas partes;

- Analisar os riscos envolvidos;

- Identificar os pontos críticos e estabelecer mecanismos de controle;

- Estabelecer limites críticos (valores máximos e/ou mínimos de controle de qualidade da água);

- Estabelecer os planos de ações corretivas e de melhorias;

A equipe APPCC é a responsável pelo desenvolvimento, implementação e manutenção do plano de Avaliação de Risco de Legionella. A equipe deve incluir um profissional habilitado com conhecimento do processo APPCC e que conheça os riscos associados a Legionella, além de funcionários, fornecedores (que podem ser laboratórios de análise de água ou empresas de tratamento de água), consultores ou a combinação desses.

Placa de Petri com crescimento da bactéria Legionella

Cada edifício tem características como construção, tempo de existência, localização, modo de ocupação, ocupantes e condições do seu entorno, portanto cada estabelecimento precisa de uma avaliação de risco individualizada.

A seguir, temos algumas medidas de ação podem ser aplicadas na operação dos sistemas de água para reduzir o risco do crescimento e a proliferação da bactéria Legionella:

Desinfeção secundária (cloração): manter a concentração de produto de inibição do crescimento de microrganismos, biocida, adequada nos sistemas de água.

Limpeza de Reservatórios: Realizar a limpeza de reservatórios de água frequentemente. Atenção para a limpeza das tubulações também.

Análises de água: A realização periódica de análises de água ajuda a verificar a presença das células bacterianas de Legionella de vida livre. Importante citar que o Plano de Amostragem (isto é, quais pontos monitorar e a sua frequência) será definido na Avaliação de Risco de Legionella.

A seguir, apresento algumas principais considerações sobre as análises da bactéria Legionella descritos na norma técnica.

Procedimentos para ensaios de Legionella devem ser cuidadosamente considerados, e a legislação vigente deve ser consultada pela equipe de APPCC com as seguintes recomendações:

a) Metodologia de ensaios: a cultura continua a ser o método recomendado para o monitoramento de Legionella - Procedimentos de cultura padronizados incluem a ISO 11731. Os resultados laboratoriais devem incluir a identificação específica de L. pneumophila, sorogrupo 1.

Os laboratórios devem ser acreditados conforme a ABNT NBR ISO 17025 e devem ser membros do programa ELITE, junto ao Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA, especificamente para o ensaio de proficiência de Legionella.

E.1 Monitoramento

Recomenda-se que a análise da água seja feita em laboratório acreditado para esta finalidade.

Convém que a amostragem e as frequências das análises de Legionella spp. no(s) sistema(s) de água sejam definidas pela avaliação de risco. É recomendável que a análise pesquise diferentes espécies de Legionella, uma vez que nem todas as espécies são capazes de causar males ao ser humano. Recomenda-se a pesquisa das seguintes espécies e subespécies: Legionella spp., Legionella pneumophila sorogrupo 1, Legionella pneumophila sorogrupos 2 a 14 (ou 15).

 E.2 Ações corretivas

Recomenda-se que sejam tomadas as seguintes ações, de acordo com o resultado dos níveis de Legionella do laudo de análise da água:

a) para níveis de Legionella superiores a 100 UFC/L até 1 000 UFC/L: recomenda-se que seja realizada uma revisão das medidas de controle e da avaliação de riscos, a fim de identificar quaisquer medidas corretivas necessárias; 

b) para níveis de Legionella superiores a 1000 UFC/l: recomenda-se que seja realizada uma revisão das medidas de controle e da avaliação de risco, podendo ser solicitada nova amostragem. A desinfecção do sistema pode ser considerada.

*Eng. Leonardo Cozac é CEO da Conforlab Engenharia Ambiental

Fotos: Divulgação

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