19º Congresso InfraFM
 

Inovar e sustentar na indústria da construção civil brasileira

Plataforma Sidac contribuir para um futuro construtivo realmente verde.

Por Léa Lobo

Inovar e sustentar na indústria da construção civil brasileira

Em um cenário global cada vez mais consciente da urgência das questões ambientais, o Brasil se destaca por seus esforços inovadores para integrar sustentabilidade na construção civil. Neste contexto, Clarice Degani, Diretora Executiva do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), segue firme como uma figura central frente a entidade, instrumentalizando o setor rumo a práticas mais verdes e responsáveis.

Com um robusto histórico acadêmico e prático, Clarice Degani, detentora de um doutorado em Engenharia Civil pela Poli/USP, é especialista em sustentabilidade em edificações. Seu trabalho abrange desde o projeto até a renovação, operação e manutenção de construções, com um foco particular na certificação ambiental. Pesquisadora incansável, atualmente, Degani cursa Estratégias de Carbono na FIA Business School.

Degani nos conta que o CBCS visa a melhoria da qualidade de vida e a preservação do patrimônio natural e construído do Brasil, envolvendo os agentes da cadeia produtiva para que implementem práticas sustentáveis que consideram aspectos sociais, econômicos e ambientais. Criado em 2007, o conselho é a referência nacional e já tem visibilidade internacional na promoção da sustentabilidade na construção civil, fundamentada sempre na ciência, ética e transparência.

Uma das principais contribuições do CBCS é o Sistema de Informação sobre o Desempenho Ambiental na Construção (SIDAC), uma plataforma digital nacional que compila indicadores de sustentabilidade para materiais, produtos e componentes. Esta ferramenta oferece orientações a profissionais e consumidores, promovendo uma escolha consciente. O SIDAC é fundamental para o controle das emissões de carbono e do consumo energético no setor da construção no Brasil, possibilitando comparações detalhadas e bem-informadas entre as diversas opções disponíveis no mercado. Além disso, esta plataforma alinha-se às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Acordo de Paris, estabelecido em 2015 durante a COP21. As NDCs representam compromissos essenciais que cada país adota para diminuir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas, ressaltando a importância da ação e do comprometimento global neste contexto.

Degani ressalta a importância de a indústria da construção civil identificar e inventariar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), considerando o significativo impacto ambiental do setor. “A inserção de dados específicos dos fabricantes no Sidac, por meio da emissão de Declarações de Desempenho Ambiental (dDAPs) é o primeiro passo para o setor iniciar a sua jornada de descarbonização, também ajudando a distinguir entre iniciativas sustentáveis genuínas e o 'greenwashing',” pontua ela.

Degani alerta ainda, que é preciso avaliar com cuidado as imensas opções de soluções de gestão e de descarbonização trazidas por startups. “Muitas soluções que observamos no mercado são baseadas em base de dados internacionais, dissociados da realidade brasileira, ou não são transparentes, e outras ainda é necessário uma pesquisa e validação extensivas para assegurar que as práticas “inovadoras” propostas sejam realmente viáveis e atendam a uma necessidade real de mitigação dos impactos ambientais associados.

Outro tema bem destacado por Degani trata-se da discussão sobre a taxação e a criação de limites para as emissões de GEE pelas empresas, que vem ganhando força como uma medida econômica para incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis. Mecanismos como impostos sobre o carbono, os mercados voluntários e o futuro sistema nacional de comércio de emissões avançam como formas de precificar o carbono, mas especialmente estimulando a redução de emissões e a inovação tecnológica. “Essa taxação vai chegar, e o mercado precisa estar atento, não só por isso, mas também pelas ótimas oportunidades financeiras que também virão”, reforça.

Quanto às certificações sustentáveis para edificações, Degani destaca que, no Brasil, há diversas como LEED, AQUA-HQE e Selo Casa Azul da Caixa, as quais consideram as normativas e especificidades de nosso país, porém não são adotadas em escala suficiente para que realmente tenhamos um ambiente construído de menor impacto. O Programa Brasileiro de Etiquetagem de eficiência energética das edificações, o PBE Edifica, pretende ganhar força, pela compulsoriedade e alinhamento com novas políticas públicas para a descarbonização. “O ideal é que às certificações ambientais que promovem eficiência energética e uso racional da água, se acrescentem boas práticas sociais e de governança (princípios ESG), fortalecendo e promovendo economia circular operacional”, acrescenta.

Sob a coordenação de Clarice Degani e com iniciativas como o Sidac, o CBCS desempenha um papel fundamental na transformação da construção civil brasileira, direcionando-a para um futuro mais justo, próspero e sustentável. Acrescentam-se a esses desafios socioambientais, o compromisso do conselho com a inovação, a industrialização, a gestão do ambiente construído e a construir, sempre coordenados com os conceitos da economia de baixo carbono.


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