19º Congresso InfraFM
 

A maior deficiência do mercado de energia livre

Especialista em cibersegurança aponta problemas críticos.

Por Mateus Murozaki

A maior deficiência do mercado de energia livre

Em 2021, um dos maiores gasodutos nos Estados Unidos, a Colonial Pipeline sofreu o que é considerado um dos maiores ataques de ransomware da história, interrompendo suas operações por cinco dias, o que causou um déficit de combustível na Costa Leste do país.

O que esse episódio evidenciou é a falta de segurança no mercado de energia. Nesse sentido, a descentralização causa um problema adicional: quanto mais empresas surgirem, mais alvos disponíveis no mercado.

É uma questão que deveria estar em primeiro plano não só no mercado de energia, mas em qualquer companhia. Apesar disso, não é incomum que ataques ocorram sem nenhum tipo de resistência devido à falta de proteção adequada.

“Sabemos que não necessariamente o investimento em tecnologia significa investimento em segurança, já que a transformação digital costuma ser mais rápida do que a proteção das fazendas eólicas ou solares e essa diferença pode gerar riscos e exposições”, explica Rafael Narezzi, fundador da Cyber Energia, startup europeia voltada para cibersegurança no mercado de energia limpa.

De acordo com o profissional, a segurança acaba sendo ignorada e delegada a um pensamento secundário, o que pode custar muito mais posteriormente. Ele exemplifica apontando como um campo eólico tem dezenas de hélices que podem facilmente ser invadidas, causando problemas sérios não apenas por não poder prover energia para os clientes, como também pelo fato de que, em diversos casos, se trata de um sequestro das unidades.

Isso, em sua opinião, vem de uma questão de aprendizado não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, de que prevenir é uma aposta e não segurança. É comum esperar o problema aparecer para resolvê-lo, ao invés de impedir que ocorra.

A diferença na velocidade da evolução tecnológica em comparação à das instalações de energia limpa acaba por fazer com que os sistemas de segurança dessas fiquem obsoletos rapidamente. Os esforços estão sendo feitos tanto no Brasil quanto no resto do mundo, mas ainda são relativamente lentos, além de custosos.

Cibersegurança na Europa e no Brasil: quais as diferenças?

Em 2022, foi implementada a regulamentação em cibersegurança NIS2, que deu 24 meses para que os países da União Europeia aumentassem o nível de proteção contra ciberataques. Setores dentro da regulamentação são o de saúde, telecomunicações, bancário e, obviamente, energia.

De acordo com Narezzi, o Brasil já caminha para uma regulamentação similar com as leis de proteção de dados, por exemplo, mas é preciso fazer algo que cubra todo o setor de infraestruturas críticas, não apenas o de energia. Apesar disso, ele comenta que o nosso país não está tão atrás dos outros países (em geral, com muito a melhorar) e que a maior dificuldade não está em criar legislações, mas sim em aplicá-las.

Com o mercado de energia alternativa expandindo cada vez mais, a questão de cibersegurança se torna cada vez mais patente e, infelizmente, ignorada. Por conta disso, ao pretender fazer a migração, é essencial checar se o fornecedor está devidamente protegido.


Veja também

Conteúdos que gostaríamos de sugerir para a sua leitura.

Envie os nossos conteúdos por e-mail. Utilize o formulário abaixo e compartilhe os link deste conteúdo com outros profissionais. Aproveite e escreve uma mensagem bacana.

Faça uma busca


Valdireni Crippa

Mais lidas da semana

Operações

Como a indústria pode se beneficiar das novas tecnologias?

Facility Managers da Bosch e Eurofarma compartilham cases de otimização e eficiência energética no RL Conecta.

Carreira

Nova especialista em FM da Raízen começou a carreira em alimentação

Conheça a trajetória de Aline Cardoso Amá e garanta insights sobre transição de carreira.

UrbanFM

Por que pensar na experiência do usuário? De biblioteca a planejamento urbano

Como arquitetura impacta o comportamento humano para além das paredes dos prédios. Garanta insights sobre projetos personalizados e criação de espaços urbanos de alta qualidade.

Operações

Como um pequeno dispositivo pode acabar com ruídos operacionais e prever afastamentos

Novas soluções podem revolucionar o mercado de Facilities Services.

Sugestões da Redação

Revista InfraFM

25 anos de inovação em FM e minha caminhada com a InfraFM

Aleksander Correa Gomes, Facility Manager na IBM, compartilha como entrou para o universo de FM.

Revista InfraFM

Um caminho gratificante e desafiador em 24 anos na CBRE

Alessandro do Carmo, General Director na CBRE, compartilha desafios da jornada de mais de duas décadas em multinacional.

Revista InfraFM

O Facilities Management como meio de cuidado e de segurança aos pacientes

Alexandre Abdo Agamme, gerente de Infraestrutura do Hospital Edmundo Vasconcelos, fala sobre experiência no segmento hospitalar.

Revista InfraFM

Como a escuta ativa das equipes eleva o desempenho de FM acima dos números

Ana Paula Cassago, especialista em Facility e Workplace Management na JLL, destaca importância da formação de lideranças no setor.

 
Dúvidas sobre os EVENTOS?
Fale com a nossa equipe pelo WhatsAPP